Enquanto jovem e
já lá vão uns anos, eu, que não me regulava por almanaques oficiais, era
irreverente, selvagem, cacto em deserto estéril, vivia em contra ciclo com a
natureza, e em defesa das minhas ideias muito próprias. Como todos os jovens,
também eu deixei crescer espinhos no meu corpo para defesa do que eu achava que
era o correcto. A seiva, essa, dava-a apenas aos que se abrigavam nas minhas
ideias. Ser jovem, é a definição mais bela para descrever todas as contradições
que viviam dentro de mim; não ter nunca a certeza de haver uma estação do ano
certa, viver em constantes mutações com as quatros estações do ano, sem nunca
saber qual delas, ocupava os meus sentimentos.
Há um momento
dentro de mim que descobre o dia certo do seu nascimento. Hoje, ao fim do dia,
irei dar um passeio a pé, saio com a esperança de poder sentir novamente o
sopro desse vento, e se ele não me trouxer mil anjos, não será importante,
basta apenas que me traga um anjo, uma flor e uma andorinha. Assim, terei eu,
um motivo para fazer deste dia, o dia da entrada da Primavera dentro de mim. E
se cacto fui, hoje cacto sou. A diferença, é que no lugar dos espinhos, nascem
agora papoilas, e dentro destas, nascem Primaveras de esperança para cada
palavra que escrevo.
José Luís Lopes
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Publicado no
Pavio das Artes
Comentário: com
o decorrer dos anos, avivamos a memória dos tempos em que éramos crianças vs
alunos, quando acompanhados com a professora íamos ao campo apanhar flores
silvestres nos campos nas proximidades da escola que frequentávamos naqueles
tempos.
Era sempre
motivo de alegria, empenhados no arranjo dos melhores ramos de flores, com a
variedade possível. Bons tempos, dizem uns, para outros malditos tempos, porque
avivamos as recordações da ditadura, que por via do ferrete impunha o respeito,
o medo, a mordaça, etc. etc.
J. Carlos
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