O Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede tem na última jornada da edição deste ano dois espetáculos, culminando com um momento de partilha e convívio entre todos os intervenientes, uma na iniciativa promovida pela Câmara Municipal para fomentar a revitalização da atividade teatral do concelho.
Na sexta-feira, 15 de abril, às 21h30 horas, o Grupo de Teatro São Pedro (Cantanhede) cumpre o seu programa de itinerância no Salão Paroquial da Sanguinheira, onde vai apresentar o musical Coragem de Sonhar, da autoria de Dulce Sancho. O enredo da peça remete para uma aldeia em festa, onde gente simples que acredita no melhor que a vida tem, ainda que construída numa dialética de encontros e desencontros, alegrias e dissabores, sorrisos e lágrimas.
O encerramento formal do Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede é sábado, também às 21h30 horas, no salão dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede, terminando como habitualmente num encontro de confraternização entre os elementos dos grupos participantes. Antes disso, o GATT – Grupo Amador de Teatro da Tocha subirá ao palco para interpretar Desejo Voraz, uma peça construída a partir de textos de dois grandes vultos do teatro, Molière e Tirso de Molina, cujo enredo explora várias facetas da natureza humana em situações de desejo, loucura, engano, traição e desespero, transpondo para o palco “um pouco da vida real e da ingenuidade de muitos homens e mulheres em pleno século XXI”. A peça relata a vida de dois bons vivants, um homem e uma mulher sem grandes escrúpulos e muito dados à sedução manipulação dos sentimentos de todos com quem se cruzam. Dom Juan, um artista da intriga, não olha a meios para atingir os seus fins, faz-se de apaixonado por todas as raparigas, prometendo-lhes casamento. Por sua vez, Dona Juana, com o seu ar dissimulado, revela-se uma especialista na arte da sedução de homens e mulheres, tirando partido da sua grande beleza e eloquência em jogos ardilosos.
O Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede é, recorde-se, uma ação que a Câmara Municipal tem vindo a promover desde há 18 anos consecutivos, com a participação dos grupos cénicos com tradição nesta área. Este ano, estão envolvidos no certame 12 grupos cénicos, num total de mais de 300 pessoas, a maioria como atores, mas também muitas outras nas diversas tarefas inerentes à produção, montagem e encenação dos espetáculos.
A edição deste ano começou em 13 de fevereiro numa sessão que decorreu no auditório da Biblioteca Municipal com a participação de Ruy de Carvalho. O ator veio a Cantanhede falar de questões relacionados com a função cultural e social do teatro, com referência às experiências da passagem pelos grandes palcos durante a sua longa e multifacetada carreira, numa abordagem aos aspetos mais relevantes da evolução do teatro no país.
Sobre o Grupo de Teatro S. Pedro
Nascido do grupo Coral Litúrgico da Paróquia de Cantanhede, em 2005 com a realização dos primeiros ensaios, o Grupo de Teatro S. Pedro juntou o gosto de cantar e o gosto da representação com a dedicação à causa da Igreja local e preparou a sua primeira apresentação para a inauguração do Centro Paroquial S. Pedro, em junho de 2006.
Tratou-se de um musical intitulado “Festa na Aldeia” que contou maioritariamente com elementos do grupo Litúrgico e do Grupo de Jovens de Cantanhede e cujo primeiro objetivo era angariar fundos para o referido Centro. Dada a grande aceitação por parte do público da cidade e do concelho, integrou-se, em 2007, no IX Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede, organizado pela Câmara Municipal.
Em 2008 participou no X Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede com o musical “J.C. Ontem, Hoje e Sempre” que reapresentou na edição anterior com os devidos ajustes. Em 2009, levou a palco “Recordar… e viver…”, no ano seguinte representou “Tributo ao passado” e em 2011 “De malas feitas”. Em 2012, participou no Ciclo de Teatro com a peça “Uma história com fado”, no ano em que o mesmo foi classificado pela UNESCO Património Imaterial da Humanidade.
Fazem parte deste grupo cerca de 25 atores, jovens e adultos e é sua orientadora Maria Dulce Sancho, autora dos textos com o grupo se apresenta, não dispensando todas as colaborações dos elementos do Grupo.
Sobre o Grupo Amador de Teatro da Tocha
As origens do Grupo Amador de Teatro da Tocha ninguém as sabe ao certo e também não existe nenhum documento escrito onde estejam registadas. São os elementos antigos com mais anos de casa que contam, entre as memórias que ainda surgem, os momentos mais marcantes de que há lembrança.
Os ensaios decorriam na antiga sede, localizada na Rua Dr. José Gomes da Cruz. A primeira peça foi levada à cena na década de 60, no antigo Grémio de Instrução e Recreio da Tocha, onde se realizavam os bailes (no atual café Esplanada), mas a continuidade perdeu-se.
É na década de 70, pelas mãos de Júlio Garcia Simão, encenador e antigo funcionário do Rovisco Pais, que o Grupo de Teatro ganha novo alento. Mais tarde é substituído por Américo Guímaro, que levou à cena a peça "A Forja", também encenada no Festival de Teatro de Montemor-o-Velho. É com ele que se estreia a peça "Frei Thomaz".
Segue-se novamente um período de interregno, onde apenas se fazem alguns "sketches", para em 1984 Júlio Campante, de Coimbra, mas casado com a professora da escola primária da Tocha, dar uma nova dinâmica ao Grupo Amador de Teatro, que com ele começou a atuar em palcos um pouco por todo o país.
O bichinho do teatro ficou de vez, e já na sede da Associação Recreativa e Cultural 1.º de Maio da Tocha, "o salão encheu-se um punhado de vezes". A população aderia aos espetáculos e é com o Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede e a participação no certame que o grupo se revitaliza e se consolida, ficando apenas marcada por um interregno de um ano, em 2003, devido a um vazio de direção instalado, e em 2012, por doença do ator principal, Américo Romão.
O Grupo de Teatro Amador da Tocha já levou a palco diversas peças de diferentes estilos, tais como "A Casa dos Pais", "Entre Giestas", "A Mala de Bernardete", "Serão Homens Amanhã", "Há Horas Diabólicas", "As Duas Cartas", "Uma Sardinha para Três", "Terra Firme", "Frei Thomaz", levada a palco na década de 1970 e que em 2009 voltou a estar em cena, seguida de “Falar Verdade a Mentir”, em 2010, “A Forja” e no ano anterior apresentou “O Doente Imaginário”, uma adaptação do original da autoria de Molière, e “Verdades e mentiras da vida real”, um original da autoria de José Maria Giraldo.
fonte: GIRP 14 abril 2016
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