Economista-chefe
da OCDE admite, no entanto, que o país "já fez um grande caminho"
Imagem:noticias.sapo.pt |
O
economista-chefe da OCDE responsável por Portugal defende que o país precisa de
"uma segunda onda de reformas estruturais" e considera que o foco
agora deve ser a captação de investimento e a melhoria das competências.
Em entrevista
à Lusa, Jens Arnold começou por dizer que "é importante reconhecer que
Portugal já fez um grande caminho" e que "houve uma série de reformas
estruturais que ajudaram a economia e que tornaram a economia mais forte e mais
bem preparada para o futuro", durante o programa de ajustamento
financeiro.
No entanto, o
economista da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)
diz que "agora era uma boa altura para ter uma avaliação sistemática de
todas as medidas tomadas, para perceber se foram bem-sucedidas e ver o que se
pode fazer para as tornar mais eficientes" e para avançar para "uma
segunda onda de reformas estruturais".
"Há
problemas que ainda precisam de ser resolvidos e alguns foram identificados por
organizações internacionais. Acho que agora seria um bom momento para pensar
numa segunda onda de reformas estruturais, para trazer o crescimento e a
recuperação para um caminho mais sustentado", recomendou.
Jens Arnold
afirmou ainda que há pelo menos "dois importantes desafios" com que
Portugal se debate: por um lado, o investimento, e, por outro, as qualificações
da população.
"Os
níveis de investimento são muito baixos. Portugal precisa definitivamente de
investimento, em particular, para reforçar o setor exportador e, assim,
melhorar o desempenho das exportações", defendeu.
Quanto ao
nível atual das qualificações do mercado de trabalho em Portugal, o economista
considera que "houve um progresso" no que se refere ao programa
regular e formal de educação e que "Portugal tem feito um bom trabalho
quanto àquelas pessoas que estão a sair da escola".
Contudo,
alerta para que "há um legado de pessoas que têm mais idade e um nível
relativamente baixo de escolaridade em relação a outros países europeus",
considerando que é preciso que as políticas na área da educação olhem para esta
realidade também.
Jens Arnold
diz ainda que, em Portugal, "a despesa em políticas ativas de emprego em
relação ao PIB [Produto Interno Bruto] 'per capita' é relativamente baixa"
e considera que "há margem para gastar mais nesta área".
O economista
da OCDE acrescenta que, "mais importante do que gastar mais, é muito
importante gastar bem" e, para isso, é preciso haver uma monitorização dos
resultados alcançados, um aspeto a que Portugal não tem dado a devida atenção.
"Não tem
havido uma avaliação sistemática da eficácia das políticas ativas de emprego e
seria bom que as autoridades fizessem isso e que melhorassem a coordenação
entre estas políticas", recomendou.
O Governo
português deverá apresentar na quinta-feira o Programa de Estabilidade, o
primeiro do executivo de António Costa, em que deverá detalhar a estratégia
orçamental de médio prazo e comprometer-se com metas para o défice orçamental
até 2020.
Neste
documento, o Governo pode também rever as metas já apresentadas para este ano,
sendo que no Orçamento do Estado para 2016 o executivo se comprometeu com um
défice de 2,2% em 2016 e com um crescimento económico de 1,8%.
Fonte: Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário