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O
novo ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, afirmou hoje que
a diplomacia brasileira deixará de funcionar por preferências ideológicas, e
não mais se restringirá a "correspondências culturais" em África.
José
Serra, que intervinha na cerimónia da transmissão do cargo de chefe da
diplomacia brasileira, em Brasília, referiu que, a partir de agora, o seu
gabinete irá servir "o Brasil como um todo" e "não mais a
conveniências e preferências ideológicas de um partido politico e de seus
aliados no exterior".
O
novo ministro prometeu também estar atento "à defesa da democracia, das
liberdades, dos direitos humanos em qualquer país" e também "ao
respeito ao princípio da não-ingerência".
O
Brasil tem recebido críticas de vários governos da região e até do
secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, ao
processo de 'impeachment' (destituição) da Presidente com mandato suspenso,
Dilma Rousseff.
Segundo
o novo chefe da diplomacia brasileira, que chegou a considerar a Mercosul um
"delírio megalomaníaco", é preciso "renovar" e
"corrigir" o que deve ser corrigido naquele que é um dos principais
blocos económicos de que o Brasil faz parte.
Para
José Serra, a diplomacia deve deixar de apostar apenas em negociações
multilaterais, referindo, que, por exemplo, as negociações no âmbito da
Organização Mundial do Comércio (OMC) não avançam tão rápido quanto seria
desejável.
Para
ir ao encontro das necessidades dos empresários brasileiros, o Ministério das
Relações Exteriores passará a realizar uma "intensa consulta com setores
produtivos" para abrir mais o mercado às exportações, disse.
O
novo governante disse ainda que o Brasil está a trabalhar para "ampliar o
intercâmbio" com parceiros internacionais, dando o exemplo de propostas de
troca de ofertas que chegam da União Europeia.
A
Ásia será uma prioridade, em especial a China e a Índia, mas será também
necessário "atualizar o intercâmbio com a África", defendeu.
"Não
pode essa relação [com a África] restringir-se, como é defendido por alguns, a
laços fraternos do passado e a correspondências culturais", disse num
discurso onde referiu várias organizações internacionais e não se referiu à
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Frisando
que o seu ministério passa a ser prioritário neste governo, José Serra
manifestou também o desejo de retirá-lo da "penúria" de recursos dos
últimos anos, que, na sua visão, ficou a dever-se a uma "irresponsabilidade".
José
Serra defendeu ainda a cooperação com oa países vizinhos para proteger as
fronteiras contra "o contrabando de armas, o contrabando de mercadorias,
que é monumental, e o tráfico de drogas".
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