O uso de cábulas durante o ‘Gaokao’ chinês, o maior exame de acesso à universidade do mundo, passou a ser um crime punido com pena de prisão até 7 anos, revelou esta segunda-feira a imprensa local.
Depois de o ano passado ter sido anunciado o uso de drones para vigiar os examesde acesso à Universidade, as autoridades chinesas decidiram este ano endurecer as medidas de combate à fraude no ‘Gaokao’, o dramático dia dos exames nacionais de acesso à Universidade no país.
Estes exames são determinante para o futuro profissional dos milhões estudantes chineses que todos os anos tentam o acesso à Universidade e, sendo provas muito exigentes, há alguns que não resistem à tentativa de copiar.
Mas a partir deste ano, copiar nos exames é crime, punível com até 7 anos de prisão.
A medida insere-se numa campanha das autoridades contra esquemas fraudulentos, que vão desde o uso de lembretes até sofisticados métodos, num teste de conhecimento considerado “crucial à meritocracia chinesa”.
Pelas contas do Governo chinês, de um total de quase 10 milhões de adolescentesque esta semana se submetem ao ‘Gaokao’, apenas 3,25 milhões vão conseguir entrar na universidade.
Entre aqueles, só alguns milhares terão acesso às universidades de topo do país, que garantem maiores probabilidades de um bom futuro profissional ou académico.
Segundo o Ministério da Educação, nas últimas semanas foram detidos 170 suspeitos e apreendidas seis mil peças de material, incluindo informação sobre o exame comercializada ‘online’ e equipamento utilizado para copiar.
De acordo com relatos na imprensa local, com base em 84 casos ouvidos em tribunal entre 2012 e 2015, os produtos e dispositivos utilizados por cábulas variam entre relógios, auscultadores e t-shirts com recetores, até equipamento usado em espionagem.
A contratação de substitutos que se fazem passar pelo candidato, um dos esquemas mais recorrentes nos últimos anos, tem também sido alvo de maior controlo pelas autoridades, destacou a agência oficial chinesa Xinhua.
Em setembro passado, 42 pessoas foram punidas por organizar um esquema fraudulento na província de Jiangxi, sul do país, incluindo 22 funcionários do Governo.
As desigualdades regionais nas vagas de acesso à universidade são também um frequente motivo de protesto.
No mês passado, vários pais bloquearam o acesso à sede do Governo de Jiangsu, na costa leste, após o Ministério da Educação chinês ter reduzido o número de vagas no ensino superior para estudantes daquela província.
A medida, que visa aumentar as possibilidades de os estudantes oriundos de províncias mais pobres entrarem em universidades de topo, motivou protestos semelhantes em Hubei, centro do país, relataram os jornais locais.
“Todo o país sente a ansiedade em torno do ‘Gaokao’, que se tornou numa questão extremamente importante para as famílias chinesas”, afirmou Xiong Bingqi, especialista em Educação, ao jornal oficial Global Times.
“Para muitos estudantes e pais, sobretudo os oriundos de famílias desfavorecidas, trata-se de uma oportunidade de subir na sociedade e obter um ‘status’ mais alto”, acrescentou.
ZAP / Lusa
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