Um
estudo a internautas portugueses mostrou que 53,3% dos inquiridos apresentavam
risco de desenvolverem uma adição à internet. Homens são mais propensos a
desenvolverem adição, aponta estudo.
Mais
de metade dos inquiridos num estudo sobre adição à internet em Portugal
apresenta “risco elevado” e “médio risco” de desenvolver este problema, com
“vários prejuízos negativos” na vida destas pessoas, de acordo com o estudo,
que decorreu entre agosto de 2014 e maio de 2015 e envolveu 641 internautas
portugueses.
Este
estudo visou “adaptar para Portugal uma metodologia científica que auxilie o
diagnóstico da adição internet em contexto clínico”, disse à agência Lusa o
coordenador da investigação, Halley Pontes.
Procurou
também caracterizar os padrões comportamentais onlinereferentes ao uso
“excessivo e disfuncional” da internet, adiantou o investigador da Nothingham
Trent University, no Reino Unido.
O
estudo, que foi publicado na revista ‘Computers in Human Behavior’, conclui que
12,6% dos inquiridos apresentavam “risco elevado” de desenvolvimento da adição
à internet, 40,7% “médio risco” e 46,7% “risco reduzido”.
“Se
considerarmos a população em Portugal, isto significa que dos 10.562.178
residentes, cerca de 1.330.834 portugueses poderão estar em situação de elevada
vulnerabilidade e risco de virem a desenvolver adição à Internet futuramente”,
advertiu Halley Pontes.
O
investigador explicou que esta dependência pode ser resultado do “contexto
comunicacional único oferecido pela internet”, mas também, e na maior parte das
vezes, do “uso excessivo e problemático” de conteúdos e aplicações específicos,
como conteúdos para adultos, apostas online, videojogos, entre outros.
Analisando
os resultados do estudo, o psicólogo clínico disse que demonstram que existe
“um conjunto de variáveis e padrões de utilização da internet que fazem com que
as pessoas não estejam necessariamente com adição à internet”.
“Mas
só o facto de utilizarem essa ferramenta de um modo descontrolado e com certos
objetivos específicos faz com que essas pessoas se tornem alvos mais fáceis
para virem a desenvolver este problema”, acrescentou.
Para
Halley Pontes, estes dados “são preocupantes”, no sentido de que, “ao mínimo
problema que possa surgir”, estas pessoas “poderão resvalar para uma via mais
psicopatológica”.
Caracterizando
os utilizadores com “risco elevado” de desenvolver dependência, o investigador
disse que apresentam um padrão de uso da Internet de “automedicação”.
“Utilizam
a internet para se sentirem melhor e fugirem a estados de humor desfavoráveis,
depressivos”, explicou.
Por
outro lado, usam a Internet de “um modo compulsivo e desregulado” que agrava os
sintomas de adição e exibem “uma constante preocupação” com o uso dessa
ferramenta que domina a sua vida.
Estes
utilizadores apresentavam mais “consequências negativas” resultantes do uso da
internet em vários contextos, como o educacional, profissional, familiar, e até
mesmo a nível da saúde física e mental.
O
estudo aponta ainda que os rapazes e os homens que utilizam a internet com
“elevada intensidade diária” e que apresentam problemas de depressão, ansiedade
e o stress são “os mais predispostos a desenvolverem adição à Internet”, embora
também possa ocorrer nas mulheres.
Fonte:
Lusa
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