"Cada vez
tenho menos dúvidas de que, com a prossecução desta política europeia e com
este Pacto [Orçamental], muito dificilmente a Europa virará a sua trajetória
económica e encontrará um caminho robusto de crescimento económico", disse
António Costa, em Setúbal, numa iniciativa do Partido Socialista.
"Se formos
vendo o que vai acontecendo um pouco por toda a Europa, aquilo que vamos vendo
é que os cidadãos têm um grande descontentamento. Não são só os ingleses que
votam pela saída do Reino Unido, não são só aqueles que votam pelos
radicalismos de extrema-direita, nos nacionalismos ou nos populismos. Hoje há
uma enorme insatisfação relativamente aos resultados concretos produzidos pela
Europa, no dia-a-dia dos cidadãos e nas empresas", acrescentou.
Para o
secretário-geral do PS, que falava a centenas de militantes e apoiantes do
partido na iniciativa "Prestar contas aos portugueses", na Escola de
Hotelaria e Turismo de Setúbal, "a Europa está a ter uma excessiva
lentidão em responder àquilo que é prioritário responder: dar de novo sentido e
confiança no futuro ao cidadão comum e àqueles que querem investir na
Europa".
António Costa
lembrou ainda que o próprio Banco Central Europeu (BCE) reconhece que
"estão esgotados os mecanismos de política monetária que tem,
desenvolvidos para que tenhamos taxas de juro baixas, para que haja liquidez no
mercado, e possa haver crescimento".
"Não basta
que haja taxas de juro baixas e liquidez no mercado, é preciso que os
empresários sintam que faz sentido investir e só sentem que faz sentido
investir se tiverem uma perspetiva de haver crescimento. E a situação na Europa
é de estagnação", sublinhou.
António Costa
considera que a alteração do rumo atual depende de uma mudança na correlação de
forças políticas europeias, mas também do debate e de um combate político que é
preciso travar à escala europeia, como está a acontecer com a intenção da UE de
aplicar sanções a Portugal e Espanha.
Embora reconheça
que não é possível haver uma moeda única sem regras, António Costa considerou
que também é necessária maior solidariedade orçamental para corrigir
desequilíbrios no seio da União Europeia.
António Costa
garantiu ainda que Portugal vai fazer tudo para manter um bom relacionamento
com o Reino Unido após a saída dos britânicos da União Europeia, lembrando que
Portugal e a Inglaterra têm a mais antiga aliança a nível mundial.
Fonte:tsf.pt
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