Um
projeto iniciado há dez anos pelos Serviços de Assistência Organizações de
Maria (SAOM) retirou das ruas do Porto e do consumo de drogas ou álcool mais de
200 pessoas, introduzindo-as no mundo do trabalho, na hotelaria e restauração.
Denominado
"Dar Sentido à Vida", o projeto nasceu em 2006 e, segundo a
presidente da SAOM, Ana Pereira, resultou da "perceção de ausência de
respostas para uma determinada faixa da população" que era recorrente
ver-se na rua, "sem abrigo e com a problemática dos consumos".
O
objetivo foi criar um projeto "que ao mesmo tempo qualificasse aquelas
pessoas do ponto de vista académico e profissionalmente, dotando-as de
capacidades para a inserção no mundo do trabalho", explicou à agência Lusa
a responsável pela instituição do Porto.
"Aprovada
a candidatura ao PROGRIDE (Programa para a Inclusão e Desenvolvimento) com um
financiamento a 100%, criou-se uma equipa de formadores e de técnicos que fez o
acompanhamento diário e muito intenso dos formandos durante os 15 meses que
passavam connosco", acrescentou.
Ao
longo dos dez anos já foram ministrados e concluídos nove cursos nas áreas de
Ajudante de Cozinha, Empregado de Mesa e Empregado de Andares e sete cursos
pré-profissionais de Iniciação à Pastelaria.
"Temos
tido um grande sucesso ao nível da empregabilidade. Já passaram por este
projeto mais de 200 pessoas e temos cursos em que a empregabilidade é de quase
100%", congratulou-se.
Ana
Pereira destacou como base da formação prestada a "qualidade e a
excelência", para "incutir hábitos de trabalho muito
responsáveis" e para dotar os formandos de "capacidades e de
competências para entrarem no mundo do trabalho".
A
triagem para o acesso aos cursos "é feita a partir de cidadãos que aceitem
estar abstinentes quer do álcool quer de drogas", frisou a presidente da
SAOM.
Inaugurado
há cerca de um mês, o restaurante Torreão, onde se desfruta uma paisagem
notável do rio Douro a partir da muralha Fernandina, congrega toda a oferta que
a SAOM tem disponível, com todos os funcionários formados naquela instituição
particular de solidariedade social.
Luísa
Neves, coordenadora do projeto, disse que uma vez consumada a abertura do
restaurante, quer elevar a capacidade de empregabilidade da SAOM a um patamar
superior, se possível absorvendo todos os seus formandos.
"Sonho
com um hotel", disse à Lusa, "temos formação em empregados de
mesa/bar, cozinha/pastelaria, serviços de andares em hotelaria, pelo que
qualquer possibilidade que se pense é sempre numa perspetiva de criar postos de
trabalho e um hotel será sempre uma delas", sublinhou.
A
responsável advoga ser-lhe "permitido continuar a sonhar com algo que é um
fator dinamizador da economia local e gerador de postos de trabalho para
desempregados".
Explicando
que não emprega ninguém, "além de técnicos superiores, que não tenha saído
dos cursos" da SAOM, Luísa Neves entende ser "possível à sociedade
civil dar respostas sociais tão válidas quanto as do Estado", que acha
"não dever ser a única entidade com responsabilidade nos problemas sociais
que existem".
"Nós
somos capazes de criar postos de trabalho e riqueza e de a devolver a quem dela
precisa, que são as pessoas mais desfavorecidas", rematou.
Lusa
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