Cientistas da NASA anunciaram esta semana que o planeta, agora considerado um verdadeiro inferno tóxico, pode ter sido habitável.
De acordo com os modelos climáticos desenvolvidos pelo Instituto Goddard para Estudos Espaciais da NASA, Vénus pode ter sido um planeta habitável.
Atualmente, o planeta é considerado um verdadeiro inferno tóxico mas, durante dois mil milhões de anos, terá tido melhores condições de vida.
É essa a conclusão dos cientistas da agência espacial norte-americana, que dizem que o planeta pode ter tido temperaturas compatíveis com a existência de vida e até um oceano pouco profundo de água líquida.
Os resultados, publicados esta semana na revista Geophysical Research Letters, foram obtidos com um modelo semelhante ao do tipo usado para prever futuras mudanças climáticas na Terra.
“Muitas das mesmas ferramentas que usamos para modelar as mudanças climáticas na Terra podem ser adaptadas para estudar climas noutros planetas, tanto do passado como do presente”, explicaMichael Way, investigador do GISS e autor principal do estudo.
“Estes resultados mostram que, no passado, Vénus poderá ter sido um local muito diferente do que é hoje”, afirma o investigador.
Nos dias de hoje, Vénus tem uma atmosfera de dióxido de carbono 90 vezes mais espessa que a da Terra, não há quase nenhum vapor de água e as temperaturas atingem os 462º C à superfície.
A grande mudança terá sido provocada pelo facto de Vénus estar muito mais perto do Sol do que a Terra e, portanto, acabar por receber mais luz solar.
Como resultado, o oceano inicial do planeta evaporou-se, as moléculas de vapor de água foram quebradas pela radiação ultravioleta e o hidrogénio escapou-se para o Espaço.
Sem água à superfície, o dióxido de carbono acumulou-se na atmosfera, levando ao que se chama de efeito de estufa e que criou as atuais condições.
Modelos climáticos
Há muito que os cientistas teorizam que Vénus foi formado a partir de ingredientes parecidos aos da Terra, mas seguiu um caminho evolutivo diferente.
Estudos anteriores demonstraram que a rapidez com que um planeta gira sob si próprio afeta a possibilidade de clima habitável. Um dia em Vénus corresponde a 117 dias terrestres.
Até há algum tempo, pensava-se que era necessária uma atmosfera espessa como a de Vénus para o planeta ter a rotação lenta de hoje. No entanto, novas investigações mostraram que uma atmosfera fina como a da Terra poderia ter produzido o mesmo resultado.
Isto significa que o antigo Vénus, com uma atmosfera parecida à da Terra, pode ter tido a mesma rotação que tem hoje.
Por isso, Way e os colegas do GISS simularam condições de um hipotético Vénus jovem com uma atmosfera parecida à da Terra, um dia com a mesma duração do dia venusiano e um oceano pouco profundo consistente com dados da sonda Pioneer.
Os investigadores acrescentaram informações sobre a topografia de Vénus obtidos com o radar da missão Magalhães da NASA, na década de 1990, e preencheram as planícies com água, deixando as terras altas expostas como continentes venusianos.
O estudo também teve em conta um Sol mais jovem e 30% mais ténue. Mesmo assim, Vénus ainda recebia cerca de 40% mais luz solar do que o nosso planeta recebe hoje.
“Na simulação do modelo do GISS, a rotação lenta de Vénus expõe o seu lado diurno ao Sol durante quase dois meses,” afirma Anthony Del Genio, coautor do estudo.
“Isto aquece a superfície e produz precipitação que cria uma camada espessa de nuvens, que funciona como um guarda-chuva que protege a superfície da maior parte do aquecimento solar. O resultado são temperaturas climáticas médias, na verdade, até alguns graus inferiores às da Terra de hoje”.
ZAP / CCVAlg
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