Não tem sido fácil ser russo e atleta olímpico estes dias na cidade carioca. Muitos dos desportistas que representam a Federação Russa são recebidos com protestos e vaias por parte do público durante as provas nos Jogos do Rio de Janeiro, ou mesmo durante a cerimónia de entrega de medalhas.
Foi exatamente o que aconteceu com Yulia Efimova, uma das atletas supostamente envolvidas no esquema de dopagem mencionado no relatório McLaren, da responsabilidade da Agência Mundial Antidopagem, a WADA(pela sigla em língua inglesa.)
Efimova foi vaiada pelo público ao chegar à piscina para a prova dos cem metros bruços. Numa entrevista à brasileira Rede Globo momentos depois da prova, disse que tinha sofrido e que ao chegar ao Rio de Janeiro, nem sabia se iria ou não conseguir participar. Fez ainda um comentário sarcástico:
“Pensava que a Guerra Fria já tinha acabado.”
Russos rejeitam o estigma
A delegação russa acha que as medidas adotadas até ao momento pelas diversas instituições internacionais que regulam a atividade desportiva e as competições olímpicas são injustas e demasiado duras.
Acham que igualmente injusto é o tratamento que tem vindo a ser dado ao assunto, à Rússia e aos seus desportistas por parte dos meios internacionais.
Na Casa da Rússia, no Rio de Janeiro, desportistas e convidados queixam-se das acusações constantes e do assédio que dizem sofrer desde o início dos jogos.
Alguns entrevistados pelo canal de televisão dinarmaquês TV2 que pediram que os outros países sofram o mesmo tipo de castigo.
É o caso de Svetlana Khorkina, medalhista olímpica russa, para quem o comportamento do público tem sido “inaceitável e pouco ético”, porque “destrói o espírito olímpico”, que tem “mais de cem anos.”
Para Svetlana Krilova, uma convidada na Casa da Rússia, o problema é que “estão a ser misturados deporto e política.”
“Os atletas russos trabalharam muito, pelo que não devem ser punidos de forma tão dura. Nesse caso, todos os outros países deveriam ser punidos”, defendeu Krilova.
Decisão polémica do COI
O Comité Olímpico Internacional (COI ou IOC, pela sigla em língua inglesa) tinha decidido, depois de conhecido o relatório McLaren, deixar nas mãos das federações internacionais das diferentes modalidades a decisão acerca do lugar dos desportistas russos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016.
Uma decisão polémica e fortemente criticada por associações desportivas nacionais e federações internacionais. O presidente Thomas Bach, no entanto, defendeu que era decisão mais justa e a possível quando faltavam tão pouco tempo para os Jogos.
A delegação russa acabou por ser autorizada a enviar 271 atletas, mas houve 67 que ficaram de fora por decisão de uma das associações internacionais.
Associação Internacional das Federações de Atletismo manteve expulsões
A Associação Internacional das Federações de Atletismo, a IAAF, baniu todos os atletas de participarem em provas internacionais. Quando faltavam apenas três dias para o início das provas, Sebastien Coen, o presidente da organização, disse aos media que o seu desejo era “ajudar os atletas russos”:
“A Rússia deixou ficar mal os atletas do país. Não banimos os atletas. O que se passou foi um exagero na proteção desses mesmos atletas e o nosso objetivo passa, a partir de agora, por reintegrar a federação russa de atletismo e os atletas russos nas competições.”
Apenas uma atleta na modalidade, Darya Klishina, viu autorizada a sua participação nos Jogos, segundo o presidente do Comité Olímpico Russo, Alexander Zhukov.
euronews
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