O presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, considera que há uma "onda terrorista devidamente organizada" que provoca incêndios florestais.
Depois de uma audiência com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Jaime Marta Soares não classifica de incompetência política o tempo em que foi feito pelo Governo o pedido de ajuda dos meios aéreos, mas admite ter sido "um erro estratégico".
Sobre o que diz ser uma "onda terrorista" que provoca os incêndios florestais, o presidente da Liga considera impossível haver ignições de fogo com uma frente tão vasta como as que se têm verificado nestes últimos fogos na zona norte e centro do país e Madeira.
Jornal de Notícias
SE HÁ GATO NOS INCÊNDIOS ESCALDE-SE-LHE O RABO
As declarações de Jaime Marta, homem experiente na matéria, são preto no branco. Não dá mais para o Ministério Público ficar a dormitar e não desmontar e conduzir à punição os "terroristas" que impunemente entregam Portugal ao pasto das chamas. Nem dá este governo protelar as medidas adequadas que governos anteriores têm protelado ou iludido com o maior dos descaramentos e impunidade. Há um negócio de muitos milhões de euros nos incêndios e Portugal não pode continuar a dar-se ao luxo de ser consumido pelo fogo sem apurar as responsabilidades que hão-de recair sobre criminosos que nos depauperam as florestas, as casas, um vasto património e ainda aforram milhões e milhões obtidos à custa da desgraça de outros, dos portugueses na generalidade e nos mais ou menos parcos haveres de alguns que vêem o que lhes pertence arder como um fósforo.
Feito o rescaldo e o balanço dos prejuízos é costume os governos soltarem algumas verbas para ajudas e indemnizações. Este ano vai ser a mesma coisa. E bem. Pois quem precisar de ajudas deve tê-las. O que não pode continuar na mesma é esta grandiosa negociata dos fogos. Nem podem continuar a meter na gaveta os C130 de Força Aérea, nem os militares que os sabem operar para combater fogos. Nos fogos desta natureza o material de combate no ar, prioritariamente, deve estar entregue a especialistas que temos, tão bons e até melhores que de outras nacionalidades. Esses são os bombeiros e os especialistas da Força Aérea para estes casos específicos. A prevenção e segurança do parque florestal tem também de ser protegido em terra por militares, além das polícias. Militares que também poderão colaborar na limpeza do mato e na carga incendiária que jaz nos solos.
Que o assunto é complexo, que urge existir um cadastro atualizado e fiável dos terrenos... Mas enquanto não há nada disso qualquer propriedade privada deve ser legalmente considerada de acesso por direito das autoridades caso os proprietários não cumpram com as medidas adequadas e reguladas para prevenção de incêndios.
O que é urgente é agarrar o toiro pelos cornos. O que é urgente é os investigadores criminais descobrirem e agarrarem os incendiários e os que lucram com os incêndios. Neste pandemónio que são os incêndios não basta somente deter o Zé da Esquina, os mais ou menos doentes mentais, os que são pagos para incendiar. Importa sobretudo deter. inculpar com provas sólidas, aqueles que ganham milhões com a desgraça das populações e da destruição das florestas de Portugal.
O Presidente da Liga dos Bombeiros deixou o mote. Como quem diz: aqui há gato. Pois se há gato urge escaldar-lhe o rabo, a cauda. Até porque, como diz também o ditado, gato escaldado de água fria tem medo.
Senhores, façam tudo e mais alguma coisa para dar por findos estes fogos dantescos. Façam alguma coisa e bem! Não como têm feito, de improviso em improviso.
Mário Motta / PG
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