O concelho
de Vila Nova de Cerveira surge em plena Idade Média, no entanto os vestígios
histórico-arqueológicos e patrimoniais remetem-nos para tempos mais ancestrais.
É
hoje certo que a ocupação das margens do rio Minho tem início na Pré-História,
sendo já vários os vestígios detetados no concelho, passando por seixos
talhados e gravuras rupestres. Contudo, uma das principais descobertas foi o
tesouro da sepultura da Quinta de Água Branca, pertencente à Idade do Bronze e
cujo espólio está integrado nos tesouros do Museu Nacional de Arqueologia.
Com
o passar dos tempos, a presença do Homem foi-se intensificando pelo que ao
longo da Idade do Ferro e Romanização parece haver um aumento demográfico. Se,
numa primeira fase, os castros surgem nas colinas e cumes com apetência
defensiva, numa segunda fase encontramos ocupações de vale e com grande
proximidade aos rios, Minho e Coura. O melhor exemplo deste movimento pode ser
encontrado no Aro Arqueológico de Lovelhe, cuja ocupação se estende desde o
séc. I A.C. ao séc. VII D.C. Apesar de não estar tão estudada a mina romana do
Couço do Monte Furado é igualmente um exemplo do incremento da exploração dos
recursos do território.
É
durante o processo de reconquista, e após as invasões árabes, que Vila Nova de
Cerveira ganha expressão territorial como Terras de Cervaria. O rio Minho passa
a assumir, em definitivo, o papel de fronteira através da edificação de pontos
fortificados. Foi assim erigido o Castelo de Cerveira com a missão de patrulhar
e defender, fosse contra as investidas árabes, fosse contra as normandas.
Não
obstante, o Tratado de Alcanices, assinado em 1297, colocou fim aos confrontos
e contribui para a estabilidade geográfica e política, assistindo-se a um
renovado esforço de repovoamento da região. Deste modo, surgia a “Vila Nova” de
Cerveira com a atribuição da Carta de Foral por D. Dinis, em 1321, e a
construção de um novo Castelo, destinado a proteger a vila em desenvolvimento.
As
fronteiras continuaram no entanto a ser palco de confrontos e disputas entre
portugueses e espanhóis que culminam no séc. XVII com as Guerras da
Restauração. Para proteção da Vila, o Governador de Armas do Minho manda
construir duas fortificações, a Atalaia do Alto do Lourido e o Forte de
Lovelhe.
Nesta
mesma altura, o Castelo Medieval é reforçado com a redefinição e ampliação do
sistema de defesa através da construção de uma plataforma voltada ao rio
vocacionada para bater a vizinha fortaleza de Goian. As muralhas são alargadas
para envolver o burgo.
As
aventuras cerveirenses na defesa do território e na construção da sua
identidade continuaram no tempo e no espaço, o Forte de Lovelhe, por exemplo,
construção temporária, acabou por desempenhar um papel fundamental na
resistência das tentativas de união ibérica e durante as Invasões Francesas, ao
impedir essas tropas, sob o comando do General Soult, de efetuarem a pretendida
travessia do Rio Minho, no dia 13 de Fevereiro de 1809.
O
início do séc. XIX marca a estabilização da fronteira e traz a paz a estas
terras. O Castelo e as Fortalezas transformam-se em património histórico,
assumindo-se como símbolo da identidade do Concelho e das suas Gentes.
Excursão
da Anual da ADASCA, 10 de Setembro de 2016
J. Carlos
J. Carlos
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