A mãe de um dos militares que morreu no curso de comandos do Exército revela que o filho estava “todo negro” e que terá morrido depois de um treino à parte dos outros instruendos, com um instrutor que o terá ameaçado e agredido.
Dylan Araújo da Silva e Hugo Abreu, ambos de 20 anos, que morreram no primeiro dia da instrução do curso de comandos, podem ter falecido na sequência de um treino à parte dos demais militares, com uma “carga superior”.
A ideia é avançada numa reportagem do “Sexta às 9″ da RTP1 que exibiu declarações da mãe de Dylan Araújo da Silva e que cita vários candidatos a comandos, não identificados, que apontam a versão de que os dois militares mortos terão sido separados do grupo, para fazerem um treino com um certo“primeiro sargento temido por todos os recrutas”.
Mãe diz que Dylan levou “porrada” e foi “ameaçado” por instrutor
“Nesse dia, o meu filho foi chamado, mais o seu colega falecido, e a partir daí, ninguém mais os viu. Não sei se tiveram castigo, não sei se é verdade”, diz à RTP a mãe de Dylan, Lucinda Araújo, notando que isto lhe foi contado por vários “amigos” dele.
A RTP nota que familiares dos candidatos a comandos revelaram que os dois jovens mortos foram afastados para um treino à parte com um sargento “conhecido por agredir violentamente” os instruendos.
Mas depois de se terem manifestado dispostas a gravar testemunhos para a RTP, estas fontes acabaram por mudar de ideias, salienta-se na reportagem.
A mãe de Dylan diz no “Sexta às 9″ que o filho “tinha medo desse instrutor” e que este o “ameaçou” aquando da preparação para o curso de comandos.
Lucinda Araújo refere que o filho “chegou a levar porrada” desse instrutor que lhe terá dito “eu apanho-te no curso”.
“Ele já me tinha dito que os que eles achavam que eram mais fortes, que esses que apanhavam mais, que lhes tornavam a vida mais dura lá dentro”, desabafa a mãe do militar que foi o melhor recruta de Chaves.
“O meu filho estava todo negro”
Lucinda Araújo também desabafa na reportagem da RTP que encontrou o filho “todo negro” quando o visitou no hospital do Barreiro.
“O meu menino tinha os joelhos que assustavam, todos negros”, lamenta a mulher, sublinhando que também tinha “os cotovelos todos negros, a sangrarem“.
“Eu não imagino o que o meu filho sofreu”, queixa-se ainda, salientando que quer que todos saibam o que aconteceu para ter “paz no coração”.
Polícia Militar admite que pode ter havido “dois homicídios”
O Exército continua a defender a versão de que as mortes aconteceram por acidente, mas a Polícia Militar já está a investigar o caso e admite que podem estar em causa “dois homicídios”, embora para já não haja suspeitos identificados.
“Desde os instrutores, aos funcionários de saúde, seja quem for que tenha estado no campo, vai ser averiguado o que se passou lá com toda a gente”, salienta o inspector da Polícia Militar que investiga estas mortes, Vasco Brazão, no “Sexta às 9″.
Os dois militares foram considerados aptos física e clinicamente para o curso de comandos e entre as hipóteses que têm sido avançadas para justificar as suas mortes estão o alegado excesso de carga física, a falta de meios de socorro suficientes e a falta de água.
SV, ZAP
Comentário: os responsáveis por estas mortes lavam as mãos no lodo, sacudindo as responsabilidades que deviam assumir integralmente, ao fazê-lo, só podemos uma adjectivação: cobardia.
J. Carlos
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