Nadia Murad, que foi escrava sexual do grupo terrorista Estado Islâmico, é a primeira vítima de crimes de tráfico humano a ser nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU.
A iraquiana Nadia Murad Basee Taha, de 23 anos, foi designada pela Organização das Nações Unidas como Embaixadora para a Defesa da Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano, depois de ter conseguido escapar a três meses de cativeiro às mãos dos terroristas do Daesh.
A cerimónia de nomeação realizou-se esta sexta-feira, na sede da ONU, em Nova Iorque, e é “a primeira vez que um sobrevivente de atrocidades é agraciado com esta distinção”, sustentam as Nações Unidas numa nota divulgada à imprensa.
O papel de Nadia Murad será focar-se “em aumentar a consciência em torno da difícil situação das inúmeras vítimas de tráfico”, afiança ainda a ONU.
“Nadia sobreviveu a crimes horrendos. Chorei quando ouvi a história dela“, assume o secretário-geral da organização, Ban Ki-Moon, em declarações divulgadas pelo jornal inglês The Independent.
“Não chorei apenas de tristeza. Também fiquei emocionado até às lágrimas porque Nadia tem tantaforça, coragem e dignidade. Ela apela adequadamente a um mundo onde todas as crianças vivam em paz”, diz ainda o líder da ONU.
Nadia Murad tornou-se uma activista na defesa da etnia yazidi, a que pertence, e foi nomeada pelo governo do Iraque para o Prémio Nobel da Paz deste ano.
A jovem foi capturada pelo Daesh, em 2014, no norte do Iraque, juntamente com todas as mulheres da sua povoação, e foi transformada em escrava sexual, sofrendo abusos físicos e psicológicos.
Ao cabo de 3 meses de cativeiro, conseguiu fugir do grupo terrorista e em 2015, apresentou ao Conselho da Segurança da ONU um relatório sobre os crimes cometidos pelo Daesh num discurso queemocionou o mundo.
“O Estado Islâmico não veio para matar as mulheres e as raparigas, mas para nos usar como despojos de guerra, como objectos para serem vendidos ou para serem dados de graça“, disse na altura Nadia Murad, no seu discurso.
“O Daesh tinha uma intenção, destruir a identidade yazidi pela força, violação, recrutamento de crianças e destruição de locais sagrados que capturaram”, afiançou ainda.
Nadia Murad denunciou a violência usada pelo grupo terrorista “especialmente contra as mulheresyazidi“, recorrendo à “violação como meio de destruição” para assegurar que “nunca mais voltarão a uma vida normal”.
SV, ZAP
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