Opinião
Se
fosse possível perguntar a todas as pessoas do planeta o que
sentiriam se salvassem a vida de alguém, se ajudassem na cura de uma
doença grave, ou até se ajudassem uma mãe a dar à luz, a resposta
seria com toda a certeza muito positiva. Saberia cada uma dessas
pessoas que o dador de sangue faz tudo isso?
Senão
vejamos: sabe-se que a primeira causa de morte das crianças e jovens
é o trauma (nomeadamente os acidentes de viação). Estes recrutam
cerca de 15% dos recursos totais do banco de sangue. A maior parte
destes doentes necessita de transfusões emergentes de grandes
quantidades de derivados de sangue, estando em causa quase sempre a
sua sobrevivência. Por outro lado o doente oncológico, que precisa
de cirurgia para a cura da sua doença, frequentemente necessita de
transfusão sanguínea antes, durante e após a intervenção
cirúrgica, de forma a que o seu organismo possa resistir a todos os
procedimentos. O doente que teve um enfarte e que precisa de realizar
um cateterismo ou colocar uma válvula cardíaca artificial, o doente
que precisa de colocar uma prótese num joelho…estes e muitos
outros dependem da boa vontade de desconhecidos, da motivação que
felizmente muitos sentem e que os faz doarem gratuitamente um bem
precioso…o nosso sangue.
E
porque precisamos dele afinal? Para as células do corpo funcionarem,
necessitam de receber nutrientes e oxigénio, e por outro lado de se
libertarem dos produtos tóxicos do metabolismo. O sangue é o nosso
transportador. Divide-se em vários componentes: glóbulos vermelhos,
plaquetas e plasma, que podem ser transfundidos em diferentes
situações para diferentes doentes. O objectivo é melhorar toda a
circulação sanguínea, enriquecendo-a nos casos mais simples,
permitindo a sobrevivência do ser humano nos casos mais graves, já
que sem sangue o coração pára.
De
facto, tendo a medicina transfusional tal importância na vida das
pessoas, não poderia existir sem garantir a segurança e qualidade
máximas do produto que é doado. Para isso o sangue é submetido a
todo um conjunto de exames e testes de compatibilidade no sentido de
se minimizarem os riscos associados à transfusão, em particular as
reacções alérgicas (exantema, febre, reacção hemolítica aguda,
reacção séptica…). O seu uso deve ser racionalizado, passando
por uma sequência de procedimentos protocolados de forma a evitar o
erro.
O
sangue, como quase todas as coisas importantes da vida, só é
valorizado quando precisamos dele. Para quem lida com esta
necessidade todos os dias, para quem vê a sua importância em muitas
decisões difíceis que tem que tomar, aqui está um testemunho
sincero e um agradecimento a todos os dadores de sangue do nosso
país.
*Médica
da Especialidade de Cirurgia Geral
Serviço
de Cirurgia
Hospital
Infante D. Pedro de Aveiro E.P.E.
Mais
informações no site: www.adasca.pt
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