Já que tanto se fala em renovação, seja na política, seja nas leis, seja na economia nacional, é tempo que se cuide da renovação fundamental de que o Brasil carece, isto é, a renovação da mentalidade pública.
Quebrada a unidade de pensamento estabelecida pela Igreja na Idade Média, a diversidade de tendências religiosas e filosóficas foi gradualmente tomando tal incremento, que a anarquia triunfou completamente no domínio da vida intelectual, estendendo-se daí, como onda de lava destruidora, a todas as instituições, a todas as nações e a todos os continentes.
O Brasil sofre a tal ponto das desastrosas consequências desse mal, que é impossível constituir-se hoje uma grande corrente de pensamento que seja capaz de se concentrar em um programa completo de reorganização nacional.
É frequente presenciar pontos de vista radicalmente inconciliáveis defendidos por uma mesma pessoa com igual calor. São deste naipe os conservadores socialistas, os comunistas que desejariam a abolição da propriedade e a manutenção da família, os liberais socialistas, os reacionários liberais etc.
Todos os sentimentos, mesmo os mais nobres, são postos em xeque por doutrinas exóticas, sempre aceitas com fervor.
E, enquanto subsistir esse caos no mundo do pensamento, será absolutamente impossível instituir uma ordem durável no domínio da política e da economia.
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(*) Excertos do artigo “Patriotismo”, em “O Legionário”, n.º 105, de 2 de outubro de 1932.
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