A
presidente da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal
contestou hoje a intenção do Governo de aumentar o imposto sobre os
vinhos, considerando que a medida vai causar a falência de empresas
e quebra no consumo.
Em
declarações hoje à agência Lusa, no dia em que sete associações
do setor fizeram um comunicado de protesto pela possibilidade de o
imposto aumentar, a presidente da Associação de Vinhos e
Espirituosas de Portugal (ACIBEV), Ana Isabel Alves, considerou
"muito grave" se a intenção se concretizar.
"Nós
não temos a confirmação oficial de que o governo estará a
preparar esta medida. No entanto, tivemos a informação de que isso
estava a ser estudado e tomamos a informação como muito séria, uma
vez que a Grécia também introduziu esta medida em janeiro de 2016.
Tomamos esta informação como bastante séria e ameaça efetiva, por
isso, queremos contestá-la", disse.
O
Correio da Manhã avançou na quarta-feira que o executivo estará a
estudar um aumento do imposto que incide sobre o vinho, como forma de
conseguir mais receita fiscal.
Contactado
pela agência Lusa, uma fonte do Ministério das Finanças disse que
o gabinete de Mário Centeno não vai pronunciar-se "sobre
medidas do Orçamento do Estado antes da sua apresentação".
A
presidente da ACIBEV sublinhou à Lusa que, se a medida for
implementada, terá "consequências muito graves" para o
setor.
"O
imposto vai penalizar os nossos vinhos relativamente aos nossos
concorrentes, que são os países europeus maiores produtores de
vinho. Vai também provocar um aumento do preço dos vinhos que se
vai repercutir em toda a cadeia do setor. Hoje em dia as empresas já
trabalham com margens muito pequenas", disse.
No
entender de Ana Isabel Alves, a medida vai também provocar o
abandono das vinhas, pois deixam de ser rentáveis.
"Tememos
o abandono da vinha e desertificação do mundo rural. Lembro que nós
temos 200 mil hectares de vinha em Portugal. Vai tornar as pequenas
empresas inviáveis e inevitavelmente vão verificar-se falências no
setor", sublinhou.
A
responsável lembrou que o setor já está a viver alguns problemas
por causa de Angola e Brasil, dois mercados muito importantes para o
mercado português, e que estão em retração.
Ana
Isabel Alves disse ainda que a ACIBEV já enviou cartas aos
ministérios das Finanças, Economia e Agricultura e a todos os
grupos parlamentares nas quais é feita uma descrição exaustiva das
consequências que a medida pode vir a ter no setor.
"Com
esta atitude esperemos que o Governo fique sensibilizado e não
chegue a implementar o imposto", concluiu.
A
ACIBEV, a Associação das Empresas de Vinho do Porto, a Associação
Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas, a Confederação
dos Agricultores de Portugal, a Federação Nacional das Adegas
Cooperativas, a Federação Nacional dos Viticultores Independentes e
Federação dos Viticultores de Portugal assinaram hoje um comunicado
conjunto a condenar a aplicação de mais impostos.
"Condenamos
veemente a aplicação de mais impostos num setor que representa mais
de 200 mil empregos, que exporta mais de 730 milhões de euros e que
é um setor vital para as exportações do ramo agroalimentar e que
em muito contribui para a imagem positiva do nosso país", é
referido.
As
associações do setor lembram ainda que a "vitivinicultura é
muito importante para a manutenção das comunidades rurais e para o
ordenamento do território, existindo muitas zonas do país
totalmente dependentes desta atividade".
Fonte:
Lusa
Mais
informações no site www.adasca.pt
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