O município de Penela, no distrito de Coimbra, testou ontem um projeto-piloto de entrega personalizada de refeições por drone a idosos em aldeias isoladas, no âmbito do apoio domiciliário prestado pela misericórdia local.
Em quatro minutos, um drone transportou a partir da vila de Penela a marmita com a refeição de um homem de 79 anos, que reside sozinho na pequena aldeia de Podentinhos, situada a cerca de três quilómetros, com parte do caminho em terra batida.
"É uma experiência piloto, em que o município se disponibilizou com a Santa Casa da Misericórdia para colaborar com a empresa que desenvolveu a tecnologia", explicou o presidente da autarquia, Luís Matias, que destacou o facto de o drone ter um conjunto de utilizações que não se limita ao transporte de bens alimentares.
Segundo o autarca, a iniciativa de hoje visou apenas testar a tecnologia e que há "um caminho que tem de ser feito, que não tem a ver com o serviço de apoio domiciliário, mas que pode servir para muitas outras situações, desde distribuição de medicamentos, prevenção e vigilância florestal e ordenamento do território".
Luís Matias considera que é importante "perceber que a tecnologia pode auxiliar os serviços prestados no território, sobretudo territórios de baixa densidade populacional, em que muitas vezes não é estimulada este género de dinâmicas".
Para o provedor da Misericórdia de Penela, Fernando Antunes, se "a tecnologia aprovar e os custos forem competitivos" é possível que, no futuro, a entrega de refeições, um dos pontos do serviço domiciliário, seja resolvido desta forma.
"O contacto humano com as pessoas, que é imprescindível, não está em causa, porque o serviço domiciliário abrange higiene pessoal, limpeza, habitação, animação, lavagem de roupa e o diálogo com a família", sublinhou.
Salientando que a instituição está aberta à inovação, Fernando Antunes frisou, no entanto, que "os drones não vão estar aí a servir refeições amanhã" e que existe "uma grande caminhada para fazer".
"Estamos a começar um caminho e há muito para caminhar, mas esta inovação nunca será para substituir o contacto humano, a relação humanizada com as pessoas, que é fundamental", disse o provedor.
Joaquim Reis, de 79 anos, nunca imaginou receber a refeição através de uma "máquina", mas considera a ideia boa, embora entenda que "é muita despesa para trazer comida a um homem só".
Segundo Eduardo Mendes, da empresa Connect Robotics, este tipo de serviço "é extremamente viável" e, atualmente, mostra-se "mais valioso em situações de áreas de difícil acesso, atravessando rios, entre ilhas e montes".
"Este projeto iniciou-se com várias outras ideias. Por exemplo, um problema grave são os incêndios, e o drone pode ser utilizado para estar a vigiar florestas e detetar fogos logo no início", referiu o empresário.
No caso de entrega de refeições, a empresa testou um equipamento específico para carregar muito peso e percorrer longas distâncias.
Lusa / Sapo
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