Os anjos não são apenas diferentes de nós; eles são também análogos a nós.
Empolgante essa luta de invisíveis contra outros invisíveis… e nós, bem no meio! Essa batalha valeria a pena ser assistida como um espetáculo. Mas nada podemos ver, nem de um lado nem de outro, pois os personagens são invisíveis.
De um lado, estão os anjos, como normalmente eles são apresentados de modo deformado, “com suas asinhas e suas carinhas infantis”.
No nº 41 da revista Catolicismo, Plinio Corrêa de Oliveira desanca contra esta falsíssima concepção: “Um conto de fadas fofo e gratuito, que se inventa porque se quer. Os eternos anjos com cor verde, azul, vermelha, mais parecidos uns com os outros, os mais robôs que se possa imaginar, não nos satisfazem.”
Fechemos os olhos para a apresentação que deles se faz. Em tudo quanto é quadrinho representando o Anjo da Guarda agindo, tem uma criancinha. “Fica vagamente no nosso espírito, primeiro, que só criancinha precisa de anjo; em segundo lugar, que só ela acredita em anjo, e que um espírito mais emancipado, mais evoluído, nem precisa deles nem acredita”.
Típico é o quadrinho “com um riachinho muito bonitinho com umas plantinhas, e uma criancinha gorduchinha cor-de-rosinha, com ar de quem está saindo da cama, lavada, frisada e pomponée na hora. Tem uma ponte onde tem uma tábua quebrada. E a criancinha vai pondo o pesinho lá; e o Anjo da Guarda, então, velando…”
Seu antagonista invisível é o demônio. É bem diverso. Dr. Plinio critica também essa igualmente falsíssima apresentação do demônio. Pelo contrário: “Mefistófeles [quadro abaixo], com um semblante fino, astucioso, de psicólogo penetrante e cheio de lábia, instila pensamentos de perdição, suaves e profundos, a alguém que dorme, e se acha em pleno sonho. E depois na vida? Atentemos para o corpo que geralmente se atribui ao Anjo bom: atitude mole, largada, ininteligente. Comparemo-lo com a esbelteza, a agilidade, a alta expressão do porte de Mefistófeles: pode haver diferença maior?”.
Nem uma coisa nem outra, dizemos nós. “Nisto tudo vai um grave inconveniente. Representando insistentemente o demônio como inteligente, vivo, capaz, e representando sempre — como o faz certa iconografia açucarada — os Anjos bons como seres moles, inexpressivos, quase tolos, que impressão se cria na alma popular? Uma impressão de que a virtude produz seres desfibrados e abobados, e pelo contrário, o vício forma homens inteligentes e varonis”.
Desta dualidade anjo-demônio pode-se tirar uma lição. Uma coisa pode não ser visível, mas estar presente, e bem presente, como é o caso dos anjos e dos demônios. Pois o puro espírito — veja esta! — é muito mais real do que um homem composto de matéria e espírito.
Afirma o Credo que Deus é o “criador do Céu e da Terra de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Há seres invisíveis, portanto. Eles existem, sim! Não sejamos os “bobos alegres” desta situação, a pretexto de não acreditar nela. Dirão, ou pensarão alguns: se ambos são invisíveis, é melhor não lhes dar importância e tratá-los como puras abstrações. Segundo um dito italiano, “seres com os quais ou sem os quais, o mundo vai tal e qual…” — Mas será mesmo?
O poeta alemão Goethe costumava dizer que o “intelectual” — ou seja, o intelectual filosofesco (italianismo) — é aquele que tem, por todas as cores, o mesmo ódio que o touro tem por uma só cor, o vermelho. Este dito espirituoso corresponde à ideia do intelectual deformado pelo racionalismo: um homem envolto na abstração, em premissas, em silogismos, e, portanto, por assim dizer, no puro preto e branco do raciocínio. É normal que para pessoas assim, anjos e demônios não existam.
Dr. Plinio afirma que “a partir dos anjos, encontramos verdadeiramente a clave para mexer nos problemas psicológicos do homem contemporâneo”. E o que são tais problemas? Os fenômenos hippie, punk, pop, e uma porção de outros, existem por causa de um mundo vazio de anjos.
Seja nosso brado de guerra: Invisíveis, mas presentes! Pois aparência e realidade são coisas bem diversas!
Fonte: ABIM
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