Vinho
é a bebida preferida entre as pessoas com mais de 65 anos segundo
inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física
Há
105 mil idosos em Portugal que bebem mais de um litro de álcool por
dia. O dado faz parte do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade
Física, da Universidade do Porto, apresentado hoje e que faz um
retrato nutricional da população: Açores e Alentejo são as
regiões com mais obesidade e onde mais famílias tiveram
dificuldade, em 2015 e 2016, de fornecer alimentos suficientes a
todos os membros por falta de dinheiro.
O
consumo médio de bebidas alcoólicas é de146 gramas por dia, o que
corresponde, por exemplo, a um copo e meio de vinho. Os homens bebem
mais que as mulheres e os idosos mais que os adultos. É na faixa
etária acima dos 65 anos que o inquérito destaca um consumo
relevante: "5% dos idosos bebe diariamente mais de 1 litro (1142
g) de bebida alcoólica. O vinho é a bebida mais consumida". Em
2015 viviam em Portugal 2,1 milhões de idosos, segundo o Instituto
Nacional de Estatística. Ou seja, 105 mil idosos têm este consumo
excessivo. "O consumo de álcool continua a ser um problema de
saúde pública. Estes indicadores servem de apoio para o
desenvolvimento de políticas públicas nesta área", diz ao DN
Carla Lopes, investigadora principal do inquérito
nacional.
Manuel
Cardoso, vice-presidente do Serviço de Intervenção nos
Comportamentos Aditivos e Dependências, refere que "um litro de
vinho por dia num idoso é excessivo e absolutamente de risco".
"Está sete a oito vezes acima da indicação máxima para os
adultos (um a dois copos por dia) e dez vezes acima nos idosos ( um
copo por dia). Os idosos têm menos água no organismo e a
concentração de álcool tem efeitos mais nefastos. A hipertensão
tem uma relação direta com o consumo de álcool, há risco de
cirroses, tumores, quedas, perturbações mentais. O problema tem de
ser abordado nos cuidados de saúde primários, identificado e
encaminhado para ajuda", explica.
O
inquérito vai mais além no retrato. "Temos 34% da população
a consumir mais de 100 gramas de carne vermelha por dia, o que foi
associado a um maior risco de cancro do cólon. No consumo de
hortícolas e frutas, 53% não cumpre as recomendação de consumo de
mais de 400 gramas por dia e 40% dos adolescentes bebe mais de um
refrigerante ou néctar por dia. Quanto à obesidade, vemos
diferenças regionais claras, com os Açores e Alentejo a ter maior
prevalência", aponta Carla Lopes.
No
total do país 10% das famílias sentiram insegurança alimentar:
disseram que em 2015 e 2016 não conseguiram fornecer alimentos
suficientes a toda a família por questões financeiras. "As
famílias com menores de 18 anos no agregados registaram uma
insegurança alimentar acima da média nacional", aponta a
investigadora. Foi nos Açores, Madeira e Alentejo que mais se sentiu
o problema. Na atividade física, 41% da população disse praticar
desporto regularmente.
Pedro
Graça, diretor do programa para a Promoção da Alimentação
Saudável da Direção-Geral da Saúde, destaca o consumo excessivo
de açúcar e sal. "O inquérito vem dar razão a quem se
empenhou pela taxação das bebidas açucaradas. Temos um consumo
médio de açúcar de 90 gramas/dia que é quase o dobro do valor
recomendado (50 gramas/dia. Quando fizemos a roda dos alimentos
retiramosprodutos que não representavam ganhos para as pessoas, como
bolos e bolachas. O consumo desta área representa 21%. Quanto ao
sal, continua a ser um problema: 65,5% das mulheres e 89,9% dos
homens têm uma ingestão de sal acima do nível máximo recomendado
(5 a 6 gramas por dia)", alerta o responsável.
Ficha
técnica
Realização
de entrevistas presenciais entre outubro de 2015 e setembro de 2016.
População residente entre os 3 meses e os 84 anos, selecionada
aleatoriamente por amostragem a partir do registo de utentes do SNS.
Foram avaliadas 6553 pessoas, das quais 5819 fizeram duas entrevistas
com representatividade para as sete unidades territoriais para fins
estatísticos (NUTSII).
Fonte: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário