Eurovisão, política e Salvador// Macron sem estado de graça// Lançado o OE2018

David Dinis, Director

Manuel Valls anunciou que entra nas listas de Macron, na corrida às legislativas de Junho. O ex-primeiro-ministro considera que o Partido Socialista Francês "está morto".

Em Paris, começou a evacuação de mil refugiados que estavam às portas de La Chapelle. 

A polícia evacuou também a maior estação de comboios de Paris, noite fora, à procura de três suspeitos, que chegariam à capital francesa a bordo de um TGV. Não há informação sobre qualquer detido.

O Vaticano decidiu celebrar o Big Bang. Para afastar um conflito entre fé e ciência, convidou alguns dos principais cientistas e cosmólogos do mundo para falar de buracos negros, ondas gravitacionais e singularidades do espaço-tempo.

Bill Clinton vai lançar um romance passado na Casa Branca. Não sei o que está a imaginar, mas vai ser um thriller: President is Missing está a ser escritocom o escritor de policiais James Patterson. 

As notícias do dia  

Na nossa manchete, lançam-se as negociações do Orçamento de 2018. Sim, de 2018, porque Costa quer fechá-lo até ao Verão - e o Bloco já pôs mais uma exigência na mesa: mais investimento no SNS e na Educação, sff. O Editorial do dia é sobre isto e assinado por mim: o Governo quer um Orçamento precoce porque...

No meio das negociações estará a Segurança Social. O PCP tem uma nova/velha proposta para o Governo. E o Governo mostra abertura para conversar. Para já, é isto: as dívidas à Segurança Social passam a ser geridas online.

Esta noite, Marcelo voltou a pôr pressão sobre o Governo: os sem-abrigo devem passar a comer em refeitórios. A secretária de Estado estava, desta vez, com o Presidente, garantindo uma resposta para breve.

Marcelo que disse isto sobre o caso Moreira vs. PS: "O que parece ser uma quebra num momento...". E sabe quem estava por perto?

A propósito de Rui Moreira, esta é a sua última versão do caso: a culpa é do Largo do Rato - mas nada impede um entendimento pós-eleitoral. Talvez a devolução de pelouros tenha sido... temporária.

E quanto a desentendimentos, é somar mais este: o PSD e PS adiaram duas eleições para a ERC e a fiscalização das secretas.

E vem mais um a caminho: o Fisco perdoou às empresas 168 milhões em juros, custas e coimas, conta hoje o Negócios.

Mais pacífico começa a ser o plano para o malparado na banca: o BCP já não levanta tantas objecções, num momento que parece ser de mudança de ciclo.

E a tolerância de ponto pela visita do Papa, é pacífica? O bispo de Leiria diz à TSF que o Governo lhe perguntou se achava bem e que ele respondeu que não era preciso.

Entre a greve na Saúde e a tolerância de ponto, o JN conta 182 mil consultas em risco no SNS.

Na Educação as notícias também não são animadoras: quase metade dos alunos mais carenciados tem negativa a Matemática. 

Hoje na agenda

• A Comissão de Inquérito à Recapitalização da CGD (e à Gestão do Banco) volta a reunir-se pelas 14h00.
• O Governo mostra um balanço do acolhimento de refugiados em Portugal.
• O Ministro da Cultura estará na pré-abertura do Pavilhão de Portugal na Bienal de Veneza.
• Quem chega à final da Liga dos Campeões? Hoje há Juventus-Mónaco.
• E é dia de meias-finais da Eurovisão (mas isso dá muito que falar, aqui em baixo)

Três temas, para saber mais

1. Eurovisão: a política meteu-se no festival. Entre os organizadores, o mantra é repetido continuamente: o concurso não tem qualquer conotação política. Mas é longa a lista de edições que ficaram marcadas pelo ambiente político vivido na Europa na época. Este ano, porém, essa carga política é a mais forte das últimas décadas - o João Ruela Ribeiro explica porquê. E ainda apanhou o Tozé Brito, que quando chegou a Paris, em 1978, para representar Portugal notou que havia um concorrente a ser “empurrado para a vitória”: “Se os israelitas tivessem cantado o Da Li Dou teriam ganho à mesma”.

Mas hoje não é o Da Li Dou, nem o Tozé Brito. Hoje, Portugal é representado pelo Salvador Sobral, que já é o segundo favorito nas apostas - e que foi recebido com entusiasmo em Kiev ("senti-me o Ronaldo", disse ele no fim do ensaio). E o que diz sobre ele o Gonçalo Frota? Isto: "Há apenas três meses, poucos saberiam quem era Salvador Sobral. Mas desde a primeira semi-final do Festival RTP da Canção o cantor de "Amar pelos dois", crescido a ouvir obsessivamente Chet Baker, tornou-se um fenómeno que já nem as fronteiras limitam. Eis Salvador Sobral, uma voz que sabe entrar nas canções. Que entre nesta. Com o coração.

2. Em marcha, mas sem tempo para um "estado de graça". Em Paris, é assim que a Clara Barata nos descreve o dia depois das presidenciais francesas: "Uma manifestação contra o novo Presidente, logo no dia a seguir a ser eleito, ilustra a dificuldade do seu caminho. Ganhar as eleições legislativas, daqui a um mês, é a sua nova prioridade" - mas esta nova marcha promete ser uma guerra. É aqui que entra oJorge Almeida Fernandes: as legislativas são imprevisíveis porquê, Jorge? E também a Teresa de Sousa, que põe a limpo a outra dúvida que temos: será possível a Macron levar a cabo as reformas que provem a sua credibilidade face à Alemanha?

Mais? Claro que temos: 12 gráficos que explicam as eleições francesas de maneira simples, mas não simplista; 12 cartoons que ilustram a vitória de Macron com ironia; um texto sobre um novo tipo de primeira-dama que a França vai ter. Mais o texto da Clara Barata sobre a confusão que vai na Frente Nacional. E ainda a opinião de Paulo Rangel, Bagão Félix, João Miguel Tavares e Miguel Esteves Cardoso. A isto chamamos um luxo, vrai?

3. No auge da tensão com Pyongyang, a Coreia do Sul escolhe o sol? É hoje mesmo que os sul-coreanos escolhem um novo Presidente, que vai definir o futuro das relações na península coreana, que tem sido palco de tensão elevada e muitas ameaças de guerra. O principal favorito mostra-se defensor de uma “sunshine policy” com o perigoso vizinho do Norte - mas quem ganhar ainda terá que unir um país que se partiu com um impeachment. Onde é que isto tudo vai dar, João Ruela Ribeiro?

Só mais um minuto...

Prepare-se para mais umas noitadas: a série 13 Reasons Why (13 razões, em português) vai voltar em 2018. Se não conhece, o resumo é este (e é um murro no estômago): 13 Reasons Why é um best-seller juvenil que apresenta os motivos de um suicídio de uma adolescente de uma pequena cidade, envolvendo vários amigos, professores e pais na sua história através de flashbacks e gravações que ela deixou para todos ouvirem. Eu disse que era duro - mas garanto que é uma excelente série.

Acha duro demais? Bem, então aqui vai outra ideia: voltar aos clássicos da Disney para nunca mais crescer (outra vez). Curioso? É essa a ideia :)

Já agora, antes de me despedir, permita-me uma palavra para o Salvador Sobral, lá na Ucrânia: "Amar por nós dois" é pouco. Ama por nós todos, pode ser?

Dia bom para si! Até já!