Enquanto dormia
Afinal, está tudo bem, nós somos espertos e os ladrões são ligeiramente tontos: segundo as mais altas autoridades do país, o armamento roubado em Tancos não representa qualquer perigo porque, na realidade, não funciona - estava marcado para abate.
Como vejo algumas caras de incredulidade, vamos às citações.
- António Costa, primeiro-ministro: “Logo depois de ter desaparecido esse material foram acionados os mecanismos próprios de segurança interna, designadamente a reunião da unidade de coordenação anti-terrorista, com a participação do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, onde foi verificado, com grande probabilidade, que este acontecimento não teria qualquer impacto no risco da segurança interna e designadamente associação a qualquer tipo de atividade terrorista nacional ou internacional".
- Pina Monteiro, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas: “Os lança-granadas foguetes que foram roubados provavelmente não terão possibilidade de funcionar com eficácia, porque estavam selecionados para serem abatidos. O Exército avaliou em detalhe e esse, que é talvez o que mais significado tem em termos de potencial de perigo, não tem a relevância que provavelmente quem os levou achou que poderá ter”.
Quer dizer que está mesmo tudo bem? Depois de várias exonerações e demissões nas fileiras do Exército, depois de entrevistas dos principais ministros a assegurarem que o assunto era grave e depois de serem feitas comunicações aos países aliados da NATO, António Costa voltou de férias e finalmente alguém olhou para o prazo de validade das armas. Podemos, então, voltar à vida normal? Nem por isso. Apesar de tudo, ainda há uma crise militar para gerir. A posição do Chefe do Estado Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, é tremelicante. O general Antunes Calçada era o Comandante de Pessoal e pediu a passagem à reserva em protesto. Na sexta-feira, durante a apresentação de um livro, criticou as organizações "onde se é sabujo para cima e um cão para baixo".
Hoje à tarde debate-se o Estado da Nação no Parlamento (e nós vamos acompanhar tudo em direto). Como é que o ano político começou? Com fogos e com o Galpgate. E como acabou? Com fogos e com o Galpgate. A Rita Dinis lembra o que correu bem e mal nestes meses.
O demissionário secretário de Estado Rocha Andrade recebeu ontem a notificação que o constitui arguido no caso Galpgate quando estava no Parlamento a garantir aos deputados: "Não cometi um ato ilícito".
O ex-ministro Miguel Poiares Maduro defendeu ontem o Ministério Público no caso Galpgate e criticou os governantes. Lembrando que exerceu funções públicas, escreveu um post no Facebook a dizer sentir-se “ofendido” quando ouve que as ofertas em causa são "socialmente aceitáveis".
Há uma semana, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros pediu ao ministro da Saúde a demissão da enfermeira-diretora do Hospital de São João e acusou-a de a tentar agredir. Agora chegou a resposta do hospital: "Esta acusação é completamente falsa e só é possível por parte de uma personalidade narcísica a quem os espelhos negam a sua realidade".
A Caixa, o BCP e o Novo Banco deram ordem paraexecutar uma penhora à coleção Berardo. O objetivo é reaver uma parte dos 500 milhões de euros em crédito concedidos ao empresário. A notícia é do Público.
Trump Jr. foi muito rápido: quando soube que o The New York Times ia publicar os emails com os detalhes do encontro que teve com uma advogada russa durante a campanha presidencial, o filho de Donald Trump antecipou-se e pôs tudo no Twitter. Não ganhou grande coisa com isso. O conteúdo dos emails é devastador. Fica claro que Trump Jr. foi informado que o Kremlin queria ajudar a campanha do pai dando-lhe informação prejudicial para Hillary Clinton. Num email, o filho do Presidente americano respondeu: "Se for o que dizes que é, adoro".
À noite, Trump Jr. deu uma entrevista à Fox News (a um dos programas preferidos do pai) e tentou ilibar o Presidente, dizendo que não o avisou da reunião porque “não havia nada para contar”. E ainda disse que, se fosse hoje,"provavelmente faria as coisas de forma uma bocadinho diferente".
Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, foi suspenso por 44 dias pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. Motivo: críticas à arbitragem.
A Autoridade Tributária portuguesa está a investigartodos os negócios do empresário desportivo Jorge Mendes e de pelo menos 13 clubes nacionais nos últimos três anos. A notícia é do Jornal de Notícias.
Um ano depois, Fernando Santos explicou na primeira pessoa como se fez a história do Portugal campeão europeu. Como conta o Bruno Roseiro, foram sete capítulos a subir que culminaram com um final inédito.
Os nossos Especiais
Monique Woodard, investidora na 500 Startups, o fundo que foi alvo do mais recente escândalo de assédio sexual em Silicon Valley e que levou à demissão do seu CEO, falou à Ana Pimentel sobre os problemas recentes: “Não vai ser fácil acabar com o assédio sexual nas tecnológicas”.
A nossa Opinião
Luís Aguiar-Conraria escreve "A vida para além do défice é o SIRESP": "Nas PPP à portuguesa, o Estado, em vez de levar para a mesa das negociações a sua capacidade de financiamento a baixo custo, leva a sua incapacidade, ficando refém do financiamento do parceiro privado".
Maria João Marques escreve "Entre marido e mulher meterás a Autoridade Tributária": "Que ideologia de caninos pontiagudos justifica que se obrigue um cidadão privado, sem funções públicas nem indício de crime, a declarar quem convida para o seu casamento e que presente recebe?".
José Manuel Fernandes tem uma nova opinião em vídeo:"Era assim tão difícil dizer não a um convite da Galp?".
Notícias surpreendentes
Na marina de Oeiras, acabou o Peter Café Sport e temos agora o Charkoal, o restaurante na brasa do chefe Cordeiro. A Sara Otto Coelho tem todos os detalhes.
Vem aí a época de praia, ou seja, no meu dicionário, a época dos escaldões. A Helena Magalhães dá algumas dicas para casos de SOS. Obrigado, Helena.
O Super Bock Super Rock começa já amanhã e a organização deixa um pedido: "Venham cedo". É que a polícia vai fazer revistas demoradas.
Quer fazer um passeio por 15 sítios onde ninguém pode entrar? Há elites secretas, ilhas mortíferas e dados confidenciais. A Marta Leite Ferreira abre a porta nesta fotogaleria.
Depois do passeio, regresse à casa de partida, aqui. Já sabe que ao começo da tarde vamos acompanhar ao minuto o debate do Estado da Nação.
Até já!
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