Veículos diesel atingem a quota de mercado mais baixa dos últimos dez anos e são os motores a gasolina os mais beneficiados.
O parque automóvel nacional de ligeiros de passageiros cresceu pelo terceiro ano consecutivo para os 4,6 milhões de veículos, o que traduz um aumento de 1,4% em comparação com 2015. Só que a média de idade dos carros que circulam nas estradas portuguesas voltou a aumentar: no ano passado, cada veículo tinha uma idade média de 12,5 anos, enquanto em 2015 era de 12,4, de acordo com as estatísticas do setor da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). A média da idade de ligeiros na União Europeia é de 10,7 anos.
O regresso do programa de incentivo de abate de veículos em fim de vida, que terminou em 2010 para os veículos de combustão, tem sido apontado pela ACAP como a principal solução para rejuvenescer o parque automóvel nacional. “O regresso do programa de incentivo de abate de veículos é a única forma de renovar o parque automóvel nacional”, recorda Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, ao DN/Dinheiro Vivo. Nos últimos anos, a associação do setor tem repetido esta proposta, tendo mesmo apresentado uma petição, em abril de 2013, para que a medida regresse.
A idade média dos veículos em Portugal está mais próxima dos países de Leste (média entre 13 e 14 anos) do que dos países ocidentais (média entre 9 e dez anos), segundo os números da Associação Europeia de Construtores (ACEA, na sigla original).
Por causa da descida do poder de compra e do aumento de impostos, apenas 16,3% dos carros a circular em Portugal têm menos de cinco anos. Há mais de um milhão de veículos nas faixas 5-10 anos, 10-15 anos e 15-20 anos. Por terem mais de 20 anos, há 672 mil automóveis que não podem circular dentro de Lisboa nos dias úteis entre as 07.00 e as 21.00, por motivos ambientais.
Só em Lisboa e Porto há mais de dois milhões de veículos, o que representa 36% dos carros ligeiros em Portugal. Na capital, circulam 1,231 milhões de veículos, enquanto na Invicta há um total de 883,4 mil automóveis. Enquanto em Lisboa há um carro por cada 1,8 habitantes – a média do continente -, no Porto há um automóvel por cada dois residentes. Bragança, Guarda e Leiria são os distritos em que há menos habitantes por veículo (1,5); a maior densidade de automóveis regista-se em Setúbal e nas regiões de Açores e Madeira, com 2,1 residentes por automóvel.
A nível nacional, há 567 veículos por cada mil habitantes, abaixo da média da União Europeia e dos países da EFTA (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), com 581 carros por cada mil residentes.
A Renault, ao liderar as tabelas de vendas desde o final da década de 1990, é a marca com mais carros a circular em Portugal, com 553 266 matrículas registadas. A Opel, que durante vários anos ocupou o segundo lugar do ranking, está no lugar intermédio do pódio (436 411 veículos), seguida muito de perto pela Volkswagen (432 410 unidades). Mesmo sem haver representação oficial da marca norte-americana Tesla em Portugal, há já o registo de 73 carros no país.
O envelhecimento do parque automóvel tem consequências imediatas, a nível de segurança e ambiental. Como a maioria são carros fabricados entre 2003 e 2004, têm de respeitar apenas a norma Euro 3, mais branda com as emissões de dióxido de carbono e de óxido de azoto do que a atual norma Euro 6.
Diesel perde peso
Os dados divulgados pela ACAP permitem perceber que Portugal continua a ser um dos países em que o gasóleo é o combustível mais utilizado, mas que a quota de mercado dos veículos diesel caiu pelo terceiro ano consecutivo e ficou abaixo dos dois terços do mercado (64,5%), a percentagem mais baixa dos últimos dez anos e praticamente dez pontos percentuais abaixo do pico de 2013 (72,3%). A média da Europa Ocidental foi de 49,5% de quota de mercado para o Diesel.
As motorizações a gasolina têm sido as principais beneficiadas da descida do interesse pelo gasóleo. Graças à introdução de tecnologias com turbos em motores com baixa cilindrada em carros utilitários e de segmento inferior – os mais procurados em Portugal -, este combustível obteve uma quota de mercado de 32,6% em 2016, o que confirma o melhor desempenho desde 2006 (34,5%).
Ao mesmo tempo, os portugueses olham cada vez mais para os combustíveis alternativos. Os híbridos a gasolina destacam-se e ultrapassam pela primeira vez a fasquia de um por cento (1,2%), seguidos pelos híbridos plug-in e veículos a GPL (0,5% cada). No ano passado, os carros 100% elétricos ficaram com uma fatia de 0,4% do mercado, o que corresponde à venda de 756 unidades exclusivamente elétricas.
Entre os modelos mais vendidos, o Renault Clio voltou a ocupar a liderança, com mais de 11 mil unidades registadas, com vantagem folgada: o dobro sobre o segundo classificado, o Peugeot 208 (6,9 mil carros). O último lugar do pódio dos carros mais vendidos foi ocupado por outro modelo da Renault, o Mégane, com 6,5 mil veículos).
Fonte: Dinheiro Vivo
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