No
tempo que integrei a equipa do saudoso e prestigiado Jornal “O
Comércio do Porto”, delegação de Aveiro, por imperativos de
profissão tinha acesso a certos espaços onde se tomavam decisões
importantes, que de uma forma ou de outra atingia a comunidade, senão
mesmo todo o Distrito de Aveiro.
Certa
vez, esperava eu num corredor junto ao gabinete do então governador
civil, Gilberto Madail, e entra-me pelos ouvidos uma resposta a ser
dada nunca soube a quem, via telefone: “Deixa-os pousar”.
Com
o decorrer do tempo, a suspeita que me assaltou foi esclarecida, e
visava exactamente a minha pessoa, tendo em conta o motivo da minha
deslocação àquele lugar, pois estava agendada uma entrevista, ou
melhor, esclarecer melhor determinado assunto que tinha sido notícia.
Perante
o desmaiado tempo de espera à porta do senhor Governador para ser
atendido, decidi ir-me embora, e a entrevista traduziu-se num assunto
para esquecer. Aquela exclamação fazia sentido: Deixa-os pousar”.
Aveiro sempre teve os seus crápulas que controlavam tudo, ainda nos
tempos que correm tais personagens existem, cuja missão é destruir
o que alguém ergue, ainda que se ouçam louvores das suas bocas.
Coerentemente,
o último acto do mitómano que se julgava capaz de liquidar com
conversas de botequim, ou por via de cartas anónimas enviadas a
algumas pessoas com responsabilidades acrescidas na administração
pública, encontrando-se uma delas em meu poder, foi chutado para
junto do desprezo. Que pobreza moral e de espírito.
A
altivez de certos actos populistas com o propósito para sacar votos
aos incautos, levam-nos a solidificar a exclamação: deixa-os
pousar, os votos já cá moram.
A
política portuguesa tem bem colocados os seus larápios, os
ditadores assumidos e os tiranos ainda no armário que infernizam a
vida quem deles discorda. As cunhas, o compadrio vergonhoso não
acabou, nem vai acabar tão cedo, até ofende os nossos olhos. A Era
da Canalhice ainda se mantém em vigor, a desfrutar duma liberdade
que nunca conquistou, mas, dela tira todo o proveito mesmo nas
questões mais mesquinhas.
Andam
por ai uns crápulas a desfrutar de excelentes ordenados, pagos com
dinheiro de impostos a língua de palmo.
Enfim,
deixa-os pousar. A sociedade sem estas caricaturas humanas não
ficaria completa.
J. CarlosDirector
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