A Câmara de Mira iniciou uma “operação de limpeza” da Barrinha da Praia de Mira destinada a travar a infestação desta lagoa por jacintos de água, disse hoje à agência Lusa o presidente do município, Raul Almeida.
“Trata-se de uma operação de limpeza levada a cabo apenas com meios do município, destinada a atenuar o impacto desta praga”, explica o autarca, lembrando que a Barrinha está a ser desassoreada no âmbito de uma empreitada da Polis Litoral – Ria de Aveiro, que deverá ficar concluída até ao final do ano.
Raul Almeida garante que a autarquia não vai “conformar-se com a situação”, devendo organizar, no início de 2018, uma conferência sobre a invasão dos jacintos de água, que contará com especialistas das universidades de Aveiro e Coimbra, e da Escola Superior Agrária de Coimbra.
“Temos que encontrar uma solução para a Barrinha e para outros cursos de água do concelho, que nos últimos anos têm sido assolados por esta praga”, refere o autarca.
Nos últimos dias, os serviços da autarquia têm usado máquinas retroescavadoras, tratores e barcos para recolher toneladas desta planta aquática, que é apontada como a principal ameaça à vida aquática na Barrinha, conduzindo à morte de animais e plantas por eutrofização (ausência de oxigénio dissolvido na água).
Os jacintos de água que têm sido retirados das águas, sobretudo na margem norte, estão a ser usados como fertilizante (“estrume novo”) pelos agricultores do concelho, nomeadamente numa exploração agrícola mantida pela Cerci Mira, mas a maior parte será destruída, numa tentativa de parar a praga.
Originários da América do Sul, os jacintos de água foram introduzidos em Portugal como plantas ornamentais em meados dos anos 30 do século XX e rapidamente transformaram-se numa ameaça séria para o ecossistema de rios e lagoas.
Estas plantas invasoras criam uma espécie de tapete flutuante que muitas vezes cobre totalmente a superfície da água, o que faz com que a luz incidente seja reduzida, diminuindo assim a qualidade da vida aquática e levando na maioria dos casos à morte de animais e plantas.
No caso da Barrinha de Mira, a invasão de plantas aquáticas terá acontecido através das valas de alimentação da lagoa e nos últimos 30 anos praticamente acabou com os banhos dos turistas e com os desportos náuticos no ex-libris da praia de Mira.
Em paralelo com as operações de limpeza, está desde setembro a decorrer na Barrinha uma empreitada de desassoreamento, consignada pela Polis Litoral – Ria de Aveiro por 545 mil euros à empresa Manuel Maria de Almeida e Silva & CIA, S.A, financiada pelo programa comunitário POSEUR (85%) e por capital social da Sociedade (Estado) (15%).
A Polis Litoral Ria de Aveiro – Sociedade de Requalificação e Valorização da Ria de Aveiro, SA, é uma entidade de capitais exclusivamente públicos, com maioria do Estado (56%), que tem como missão a operacionalização da intervenção de requalificação e valorização da Ria de Aveiro.
Fonte: Lusa
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