360º
Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia...
... o caso Raríssimas fez cair o 14º membro do Governo de António Costa e levou também à demissão da presidente da Associação. Comecemos por Manuel Delgado: o secretário de Estado da Saúde demitiu-se ao princípio da tarde por razões pessoais que inicialmente se supunha estarem ligadas a viagens pagas pela instituição de que foi consultor entre 2013 e 2014 (foi imediatamente substituído no cargo por Rosa Zorrinho e a sua demissão teve o apoio do próprio PS).
Mas só à noite se confirmou a dimensão dos motivos.Em entrevista à TVI, Delgado foi primeiro confrontado com mails comprometedores sobre a hipótese de um salário elevadíssimo em contraponto com o apoio político que podia dar à instituição, algo que ainda rebateu veementemente; depois com documentos sobre o número de viagens pagas pela Associação, em que acabou por se contradizer; e finalmente com o tipo de relação com Paula Brito e Costa que negou ser mais que profissional, mas que fotos mostradas na reportagem provaram o contrário.
Quanto a Paula Brito e Costa, cuja demissão foi conhecida minutos depois da de Manuel Delgado, também só se explicou ao final da noite. Em excertos de entrevistas avançados pelo Expresso e pela RTP, a agora ex-presidente da Raríssimas justificou-se falando primeiro numa "cabala muito bem feita" e depois evocando a sua "dignidade" e os "prejuízos" do caso para a instituição. Mas usou igualmente uma outra justificação demasiado pessoal: "Talvez seja agora a fase de fazer o luto do meu filho".
Foi por causa de Marco, o filho que nasceu com uma doença rara e entretanto morreu, que Paula Brito e Costa criou a Raríssimas. A obra meritória que era apoiada por várias figuras da vida política e económica modificou-a pessoalmente. Quem a conhece diz que além do nome, mudou também a personalidade: o perfil da mulher no centro da polémica que começou a trabalhar numa banca de jornais e casou com o instrutor de artes marciais que tinha sido motorista do pai é da Ana Cristina Marques e da Sónia Simões.
O caso chegou ao Parlamento Europeu, num debate acalorado entre os eurodeputados Nuno Melo e Ana Gomes (que devia ser sobre corrupção). E vai chegar também ao Parlamento português, já que os partidos querem respostas de Vieira da Silva e uma investigação alargada às denúncias já conhecidas. Até porque dos esclarecimentos do ministro ficaram muitas dúvidas e várias respostas por dar, como mostra o Miguel Santos Carrapatoso.
Se já se perdeu no meio da polémica, precisa de ler o Explicador da Marlene Carriço e do Pedro Raínho. Tem as explicações para as oito questões essenciais que permitem entender todo este imbróglio. Já a análise ao caso está neste vídeo do José Manuel Fernandes. E o resumo de tudo o que se passou nestes últimos dias encontra-o aqui. O JN adianta ainda que já há várias empresas a retirar apoios à Associação.
Outra informação importante
Começo pelas notícias matinais, que o caso Raríssimas tem abafado, e sigo para o resumo da informação relevante.
No Alabama, depois do escândalo sexual e apesar dos apoios de Trump (também sob pressão), os republicanos perderam as eleições para o Senado. Roy Moore, acusado de abusos a menores quando tinha cerca de 30 anos e começava a sua carreira como juiz, foi derrotado pelo democrata Doug Jones.
Ainda nos EUA, o secretário de Estado Rex Tillerson voltou a afirmar que há abertura para discutir com a Coreia do Norte "sem condições prévias". Quase ao mesmo tempo, Kim Jon-un dizia que quer transformar o seu país na "maior potência nuclear do mundo". (Isto enquanto os jornais oficiais lhe atribuíam mais um feito notável, "à Nené").
No ciclismo, há mais um caso de doping entre ciclistas de topo. Chris Froome, o britânico que venceu três Voltas a França (2013, 2015 e 2016), acusou positivo nos testes na Volta a Espanha deste ano (e pode perder o título conquistado).
Isabel dos Santos levantou 238 milhões de uma conta ligada ao BPI sete horas antes desta ser congelada. A guerra judicial é entre Brasil e Angola, envolve as operadoras telefónicas Oi e Unitel, e vem contada no Público.
O Bloco de Esquerda conseguiu mais uma cedência do Governo já para 2019: os descontos dos recibos verdes para a Segurança Social vão baixar de 29,6% para os 21,4%. Mas os patrões terão mais encargos. A notícia está no Negócios, no Eco e no Público.
Na Autoeuropa o braço de ferro está para durar. Os trabalhadores rejeitam por completo a imposição unilateral dos novos horários. A empresa admite negociar, mas só depois de agosto. Até lá, paga os sábados a dobrar.
Na campanha para a liderança do PSD também se mantém o bate-boca: Santana Lopes vai realizar uma convenção em janeiro, que terá a primeira parte já este domingo; Rui Rio diz que o seu adversário não sabe o que quer.
Não vem a propósito, mas não deixa de ser relevante (e revelador): o PS excluiu José Sócrates das comemorações do 10º aniversário do Tratado de Lisboa (o do famoso "Porreiro, pá"). Mas também quer impedir o acesso às escutas políticas da Operação Marquês, escreve o i (notícia completa só na dição impressa).
Na Faculdade de Direito de Lisboa há uma guerra entre estudantes e diretor que ontem levou ao fecho da escola e obrigou a intervenção policial. A Carolina Branco conta afinal o que é que lá se passa para tanta contestação, que até leva os alunos a apelar a Marcelo.
Ontem foram conhecidos os primeiros 10 arguidos dos fogos de Pedrógão Grande. Entre eles o comandante dos bombeiros e o segundo comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro.
Foi também lida a sentença da seita Palmela que alugava crianças para abusos sexuais, com a condenação do seu líder a pena máxima.
E a Câmara de Lisboa decidiu encerrar mais uma discoteca, a Barrio Latino, por suspeitas de tráfico de droga.
No futebol não houve uma decisão judicial, mas um acordo que coloca automaticamente o Gil Vicente na I divisão em 2019/20, independentemente da classificação. É o desfecho, 12 anos depois, do "caso Mateus", Resta saber se descem três em vez de duas equipas ou se há alargamento da prova.
Os nossos especiais
O prémio Sakharov foi entregue esta manhã no Parlamento Europeu à oposição democrática da Venezuela e o Rui Pedro Antunes entrevistou um dos vencedores: Antonio Ledezma, um dos rostos da contestação a Maduro, que esteve detido durante dois anos até conseguir fugir. Retenha esta frase dura com ligações a Portugal: "As crianças venezuelanas não vão poder usar o computador 'Magalhães' no caixão".
A nossa opinião
- Luís Aguiar-Conraria escreve sobre Francisco Assis e as críticas a Catarina Martins: "A tradição socialista é isto, não conseguir distinguir a ética da lei. São incontáveis os governantes que, depois de o terem sido, foram trabalhar para as grandes empresas do sector energético".
- Maria João Marques escreve sobre a Raríssimas: "Perante tudo isto, qual a reação à esquerda? As do costume. João Galamba (palmas para a falta de originalidade) tentou colocar a culpa em cima do ministro da segurança social do governo anterior".
Notícias surpreendentes
É amanhã, é amanhã! A estreia de mais um filme da saga Star Wars está a deixar os fãs ansiosos. Mas já podem ler a crítica do Eurico de Barros. Ele foi ver "Os Últimos Jedi" e, ups!, diz que Luke Skywalker faz a diferença, mas isso não chega. Nada de mais spoilers, mas as estrelas são só duas.
Os ativistas da National Geographic choravam enquanto filmavam. O vídeo, já viral, é a de um urso moribundo por causa da fome que se tornou no último e brutal símbolo das consequências das alterações climáticas. Apesar de ter gerado controvérsia.
Controverso é também um estudo que admite que a orientação sexual pode mesmo ser biológica. Foram descobertas duas variantes de genes que parecem ser mais comuns em homens homossexuais do que em heterossexuais. Mas sabe-se ainda pouco para se ter certezas.
Tenho que voltar às listas de Natal, afinal falta só pouco mais de uma semana. Estas são sugestões de presentes (quase) a brincar para mulheres adultas; e aqui estão ideias se o seu mais-que-tudo for um geek.
Ora diga lá se esta ideia não é boa. A 'malta' de Coimbra decidiu desafiar os mais famosos arquitetos portugueses a recriar a famosa cabana do amor que Le Corbusier construiu para a sua amada na Riviera francesa. E não faltaram propostas.
Temos também muitas propostas para si no Observador. Clique e leia notícias, entrevistas, reportagens, sugestões e grandes histórias
Boa quarta-feira
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Mas só à noite se confirmou a dimensão dos motivos.Em entrevista à TVI, Delgado foi primeiro confrontado com mails comprometedores sobre a hipótese de um salário elevadíssimo em contraponto com o apoio político que podia dar à instituição, algo que ainda rebateu veementemente; depois com documentos sobre o número de viagens pagas pela Associação, em que acabou por se contradizer; e finalmente com o tipo de relação com Paula Brito e Costa que negou ser mais que profissional, mas que fotos mostradas na reportagem provaram o contrário.
Quanto a Paula Brito e Costa, cuja demissão foi conhecida minutos depois da de Manuel Delgado, também só se explicou ao final da noite. Em excertos de entrevistas avançados pelo Expresso e pela RTP, a agora ex-presidente da Raríssimas justificou-se falando primeiro numa "cabala muito bem feita" e depois evocando a sua "dignidade" e os "prejuízos" do caso para a instituição. Mas usou igualmente uma outra justificação demasiado pessoal: "Talvez seja agora a fase de fazer o luto do meu filho".
Foi por causa de Marco, o filho que nasceu com uma doença rara e entretanto morreu, que Paula Brito e Costa criou a Raríssimas. A obra meritória que era apoiada por várias figuras da vida política e económica modificou-a pessoalmente. Quem a conhece diz que além do nome, mudou também a personalidade: o perfil da mulher no centro da polémica que começou a trabalhar numa banca de jornais e casou com o instrutor de artes marciais que tinha sido motorista do pai é da Ana Cristina Marques e da Sónia Simões.
O caso chegou ao Parlamento Europeu, num debate acalorado entre os eurodeputados Nuno Melo e Ana Gomes (que devia ser sobre corrupção). E vai chegar também ao Parlamento português, já que os partidos querem respostas de Vieira da Silva e uma investigação alargada às denúncias já conhecidas. Até porque dos esclarecimentos do ministro ficaram muitas dúvidas e várias respostas por dar, como mostra o Miguel Santos Carrapatoso.
Se já se perdeu no meio da polémica, precisa de ler o Explicador da Marlene Carriço e do Pedro Raínho. Tem as explicações para as oito questões essenciais que permitem entender todo este imbróglio. Já a análise ao caso está neste vídeo do José Manuel Fernandes. E o resumo de tudo o que se passou nestes últimos dias encontra-o aqui. O JN adianta ainda que já há várias empresas a retirar apoios à Associação.
Outra informação importante
Começo pelas notícias matinais, que o caso Raríssimas tem abafado, e sigo para o resumo da informação relevante.
No Alabama, depois do escândalo sexual e apesar dos apoios de Trump (também sob pressão), os republicanos perderam as eleições para o Senado. Roy Moore, acusado de abusos a menores quando tinha cerca de 30 anos e começava a sua carreira como juiz, foi derrotado pelo democrata Doug Jones.
Ainda nos EUA, o secretário de Estado Rex Tillerson voltou a afirmar que há abertura para discutir com a Coreia do Norte "sem condições prévias". Quase ao mesmo tempo, Kim Jon-un dizia que quer transformar o seu país na "maior potência nuclear do mundo". (Isto enquanto os jornais oficiais lhe atribuíam mais um feito notável, "à Nené").
No ciclismo, há mais um caso de doping entre ciclistas de topo. Chris Froome, o britânico que venceu três Voltas a França (2013, 2015 e 2016), acusou positivo nos testes na Volta a Espanha deste ano (e pode perder o título conquistado).
Isabel dos Santos levantou 238 milhões de uma conta ligada ao BPI sete horas antes desta ser congelada. A guerra judicial é entre Brasil e Angola, envolve as operadoras telefónicas Oi e Unitel, e vem contada no Público.
O Bloco de Esquerda conseguiu mais uma cedência do Governo já para 2019: os descontos dos recibos verdes para a Segurança Social vão baixar de 29,6% para os 21,4%. Mas os patrões terão mais encargos. A notícia está no Negócios, no Eco e no Público.
Na Autoeuropa o braço de ferro está para durar. Os trabalhadores rejeitam por completo a imposição unilateral dos novos horários. A empresa admite negociar, mas só depois de agosto. Até lá, paga os sábados a dobrar.
Na campanha para a liderança do PSD também se mantém o bate-boca: Santana Lopes vai realizar uma convenção em janeiro, que terá a primeira parte já este domingo; Rui Rio diz que o seu adversário não sabe o que quer.
Não vem a propósito, mas não deixa de ser relevante (e revelador): o PS excluiu José Sócrates das comemorações do 10º aniversário do Tratado de Lisboa (o do famoso "Porreiro, pá"). Mas também quer impedir o acesso às escutas políticas da Operação Marquês, escreve o i (notícia completa só na dição impressa).
Na Faculdade de Direito de Lisboa há uma guerra entre estudantes e diretor que ontem levou ao fecho da escola e obrigou a intervenção policial. A Carolina Branco conta afinal o que é que lá se passa para tanta contestação, que até leva os alunos a apelar a Marcelo.
Ontem foram conhecidos os primeiros 10 arguidos dos fogos de Pedrógão Grande. Entre eles o comandante dos bombeiros e o segundo comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro.
Foi também lida a sentença da seita Palmela que alugava crianças para abusos sexuais, com a condenação do seu líder a pena máxima.
E a Câmara de Lisboa decidiu encerrar mais uma discoteca, a Barrio Latino, por suspeitas de tráfico de droga.
No futebol não houve uma decisão judicial, mas um acordo que coloca automaticamente o Gil Vicente na I divisão em 2019/20, independentemente da classificação. É o desfecho, 12 anos depois, do "caso Mateus", Resta saber se descem três em vez de duas equipas ou se há alargamento da prova.
Os nossos especiais
O prémio Sakharov foi entregue esta manhã no Parlamento Europeu à oposição democrática da Venezuela e o Rui Pedro Antunes entrevistou um dos vencedores: Antonio Ledezma, um dos rostos da contestação a Maduro, que esteve detido durante dois anos até conseguir fugir. Retenha esta frase dura com ligações a Portugal: "As crianças venezuelanas não vão poder usar o computador 'Magalhães' no caixão".
A nossa opinião
- Luís Aguiar-Conraria escreve sobre Francisco Assis e as críticas a Catarina Martins: "A tradição socialista é isto, não conseguir distinguir a ética da lei. São incontáveis os governantes que, depois de o terem sido, foram trabalhar para as grandes empresas do sector energético".
- Maria João Marques escreve sobre a Raríssimas: "Perante tudo isto, qual a reação à esquerda? As do costume. João Galamba (palmas para a falta de originalidade) tentou colocar a culpa em cima do ministro da segurança social do governo anterior".
Notícias surpreendentes
É amanhã, é amanhã! A estreia de mais um filme da saga Star Wars está a deixar os fãs ansiosos. Mas já podem ler a crítica do Eurico de Barros. Ele foi ver "Os Últimos Jedi" e, ups!, diz que Luke Skywalker faz a diferença, mas isso não chega. Nada de mais spoilers, mas as estrelas são só duas.
Os ativistas da National Geographic choravam enquanto filmavam. O vídeo, já viral, é a de um urso moribundo por causa da fome que se tornou no último e brutal símbolo das consequências das alterações climáticas. Apesar de ter gerado controvérsia.
Controverso é também um estudo que admite que a orientação sexual pode mesmo ser biológica. Foram descobertas duas variantes de genes que parecem ser mais comuns em homens homossexuais do que em heterossexuais. Mas sabe-se ainda pouco para se ter certezas.
Tenho que voltar às listas de Natal, afinal falta só pouco mais de uma semana. Estas são sugestões de presentes (quase) a brincar para mulheres adultas; e aqui estão ideias se o seu mais-que-tudo for um geek.
Ora diga lá se esta ideia não é boa. A 'malta' de Coimbra decidiu desafiar os mais famosos arquitetos portugueses a recriar a famosa cabana do amor que Le Corbusier construiu para a sua amada na Riviera francesa. E não faltaram propostas.
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