domingo, 31 de dezembro de 2017

Especial 2018: A Síria vai finalmente ter paz?


É muito provável que as armas se calem definitivamente durante 2018 na Síria e no Iraque – no que tem a ver com a guerra contra o Daesh.
Mas daí a falar-se em paz na região vai uma grande diferença: não há paz possível num cenário de guerra em que os habitantes deixaram de contar com o que de mais básico possibilita a sobrevivência.
A guerra política também é para continuar: Bashar al-Assad sabe que os países ocidentais que o ajudaram a vencer o Daesh nutrem por ele e pela sua política interna um enorme desprezo. E que só pode contar com a amizade da Rússia e do Irão – o que pode ser muito pouco num quadro em que os inimigos dos iranianos (com a Arábia Saudita à cabeça) estão cada vez mais resolvidos a manter todas as formas de pressão sobre o país dos aiatolas.
E depois há ainda o problema dos refugiados: apesar de toda a destruição, muitos sírios não resistirão ao chamamento do regresso – até porque sabem que a Europa os despreza e a Turquia demonstrou não ser o melhor dos hospedeiros. Com isso regressa o maior dos medos de al-Assad: a possibilidade de a oposição voltar em força e reorganizar-se contra a falta de democracia e o atropelo aos direitos fundamentais, que são afinal a marca de água do presidente sírio.
Tudo isto se passa numa geografia que tem tudo para ser um dos problemas maiores ao longo de 2018 – nomeadamente depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter decido avançar com uma das suas promessas eleitorais: a assunção de Jerusalém como a capital política de Israel.
Mas isso teve pelo menos uma vantagem: pela primeira vez desde há muitos anos, Irão e Arábia Saudita convergiram em relação a um tema internacional.
Fonte: Jornal Económico

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