Isabel Salema
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No primeiro suplemento do ano, regressamos ao Brasil, mais especificamente a São Paulo, à meca da cultura brasileira, para tentar perceber o que se está a passar à porta de alguns museus, onde os visitantes se tornam manifestantes contra a censura nas artes.
Desde Setembro, no meio de várias polémicas, petições e cartas-abertas, já foi encerrada uma exposição em Porto Alegre, organizaram-se manifestações – uma destas à porta do Museu de Arte de São Paulo (MASP) em que participou o artista chinês Ai Weiwei – e gritou-se contra a presença da filósofa Judith Butler no famoso SESC Pompeia. Se a exposição Histórias da Sexualidade no MASP já trouxe muita agitação, o tema deste ano, que passa pela questão racial, promete continuar a ser intenso.
Convidada para participar numa conferência na Universidade de São Paulo, Filipa Lowndes Vicente, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, aproveitou para reflectir, com a ajuda de colegas académicos como Iris Kantor e Lilia Moritz Schwarcz, sobre as últimas guerras da cultura no Brasil. Espelham um confronto político exacerbado e têm muito sexo à mistura. A arte voltou a ser subversiva no Brasil numa guerra entre o país pró-Temer e o país anti-Temer. Mas não só…
A foto de capa do suplemento que aqui vemos pertence à exposição Histórias da Sexualidade, tendo sido escolhida para o tema Reliogiosidades – é do fotógrafo Ayrson Heráclito.
Um Desastre de Artista, a nova longa-metragem de James Franco, chegou agora às salas com os olhos postos nos Óscares. Conta a história da produção de The Room, realizado em 2003 por Tommy Wiseau e já classificado como o pior filme do mundo, que tem uma bizarra legião de fãs, como o realizador J.J. Abrams ou o cómico Jerrod Carmichael. O Ípsilon ouviu a história pela voz de Greg Sestero, autor do livro no qual Franco, amigo de Wiseau e actor no The Room, se baseou.
E Jorge Mourinha dá três estrelas ao filme, numa crítica intitulada Talento em bruto ou bruto sem talento?
“Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, ele pousou a boca, delimitada na orla superior pelo bigode eriçado, sobre a dela. Após um momento disto, ela levantou a camisa de dormir e ele entrou nela.” Deixamos aqui um excerto de Os Anos da Inocência, o primeiro livro de Elizabeth Jane Howard publicado em Portugal, sobre o qual escreve Isabel Lucas. Parte das Crónicas da Família Cazalet, é um projecto que a escritora deve ao conselho do seu enteado, o escritor Martin Amis, que se referia a ela como a mais interessante escritora da sua geração.
Como Madame de Lafayette, de que agora podemos ler uma nova tradução de A Princesa de Clèves, considerado o primeiro romance moderno em que análise psicológica faz progredir a acção, viu a sua obra ser subestimada por ser mulher.
Começamos 2018 com muita poesia: Hugo Pintos dos Santos escreve sobre a uma tradução inédita feita pelo poeta Alberto Pimenta de A Balada do Velho Marinheiro, de Coleridge; Luís Miguel Queirós sobre uma nova antologia que faz o best of dos poemas portugueses.
Sob o signo da música e da poesia árabes, estão os novos discos do tunisino Anouar Brahem e dos portugueses José Peixoto e Sofia Vitória, respectivamente Blue Maqams e Belo Manto.
A coluna de António Guerreiro intitula-se A política das catástrofes. Podemos dizer que 2018 promete tanto como 2017.
Bom Ípsilon.
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