terça-feira, 6 de março de 2018

Bancos enfrentam 200 alterações regulamentares por dia, segundo o estudo da BCG

Aí está o Global Risk 2018: Future-Proofing the Bank Risk Agenda, da BCG. A criação de valor proporcionada da banca está a ser travada pelos crescentes riscos, pela elevada regulamentação, pelos custos de compliance e pelas pesadas multas. Os Bancos enfrentam 200 alterações regulamentares por dia.
A recuperação bancária a nível global encontra entraves devido a riscos e elevados custos regulamentares, conclui o último relatório da The Boston Consulting Group (BCG) – Global risk 2018: future-proofing the bank risk agenda. Uma década depois da crise financeira, o setor bancário mundial encontra assim obstáculos no caminho da recuperação.

A criação de valor proporcionada pelos Bancos diminui mundialmente devido aos crescentes riscos, à regulamentação, aos custos de compliance e às pesadas multas, diz a BCG que em Portugal tem Carlos Barradas como Senior Partner & Managing Direct.

O lucro económico dos bancos (lucro ajustado tendo em conta os custos de risco e de capital) reduziu globalmente em 2016 após cinco anos consecutivos de melhorias, afirma a BCG no seu 8.º estudo anual sobre a saúde, o desempenho e os riscos do setor bancário.

O lucro económico mundial desceu de 15 pontos base em 2015 para 11 pontos base em 2016, mantendo-se com grandes discrepâncias por regiões.

O relatório refere ainda que o desempenho bancário se viu afetado em grande medida pela concorrência mais acentuada, pela disrupção digital, e pelos crescentes custos e complexidades – ligados, em particular, às atuais ondas de escrutínio e de alterações regulamentares, quer globais quer locais.

Existem quatro medidas críticas para Gestão de Risco, segundo o relatório da The Boston Consulting Group (BCG). O relatório propõe uma agenda com quatro partes para apoiar os Diretores de Risco (CROs) a colocarem os seus bancos no caminho da recuperação: abordar estrategicamente a conformidade regulamentar; melhorar o conhecimento das funções inerentes à gestão de risco e as suas capacidades de dados; digitalizar todas as operações de risco; e adotar tecnologias disruptivas como a inteligência artificial e machine learning em colaboração com regtechs e outras startups fintech.

Os bancos enfrentam 200 alterações regulamentares por dia e as multas crescem para 345 mil milhões de dólares (279,4 mil milhões de euros).

“O volume global de revisões regulamentares que os diretores de risco (CROs) devem monitorizar e implementar aumentou para uma média de 200 por dia, um nível que permaneceu estável nos últimos dois anos mas que representa o triplo do nível de 2011. As penalizações cumulativas financeiras por incumprimento (non compliance) impostas desde 2009 atingiram os 345 mil milhões de dólares no final de 2017 – um aumento de 22 mil milhões de dólares em relação ao total no final de 2016″, lê-se no comunicado da BCG..

“Os Diretores de Riscos bem-sucedidos têm de dominar a evolução da regulamentação e os requisitos de compliance como parte da sua agenda para reformularem o objetivo e as capacidades da função de gestão de risco bancário para o futuro”, afirma Gerold Grasshoff, líder global da área de gestão de risco da BCG e coautor deste relatório.

Desempenho bancário diminui em quase todas as regiões do globo, exceto a América Latina

A avaliação da BCG por região apurou que, “embora notavelmente divergentes, os resultados financeiros de 2016 caíram em todas as regiões à exceção da América Latina”.

Os bancos norte americanos sofreram o seu primeiro declínio anual desde a crise financeira global de 2007-2008, interrompendo o que até aí tinha sido uma recuperação contínua, revela o estudo. Por sua vez, os bancos europeus continuaram a encontrar dificuldades na recuperação, sobrecarregados com um elevado volume de crédito malparado.

“Padronizar o tratamento legal do crédito malparado nas várias jurisdições da Europa seria um passo fundamental na resolução desta questão”, conclui Grasshoff.

A recuperação bancária no Médio Oriente e em África vacilou e os bancos da Ásia-Pacífico registaram uma queda significativa nos dois anos. Por outro lado, apenas os bancos latino-americanos, registaram um forte crescimento do lucro económico, após um acentuado declínio em 2015.

A pesquisa da BCG avaliou o lucro económico gerado entre 2012 e 2016 pela banca de retalho, comercial e de investimento, cobrindo mais de 80% do mercado bancário global. O lucro económico, que considera custos de refinanciamento, operacionais, de capital e de risco em contraste com a receita, fornece uma medida exaustiva para a avaliação da saúde financeira bancária.

Fonte: Jornal Económico


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