No primeiro discurso perante os delegados ao 27.º Congresso do CDS-PP, em Lamego, Assunção Cristas propôs-se, uma vez mais, elevar o partido à condição de primeira força “no espaço do centro e da direita”. Um objetivo a concretizar “sem hesitações” ou “complexos”, clamou na defesa da sua moção de estratégia global, que enquadra a formação de listas próprias para as próximas eleições europeias e legislativas.
O CDS-PP, sustentou Cristas, rosto da moção “Um passo à frente”, deve assumir-se como “o partido alternativo ao socialismo”. Uma ideia que havia já agitado à entrada para os trabalhos em Lamego, quando afirmou aos jornalistas que os principais adversários dos democratas-cristãos seriam António Costa e “as esquerdas unidas”.
“Queremos ser o primeiro partido no espaço do centro e da direita, sem hesitações, sem complexos”, propugnou.
Cristas revelou que o CDS-PP voltará a forçar uma votação do Programa de Estabilidade na Assembleia da República, de forma a “que fique absolutamente claro que as esquerdas estão bem unidas”.
Assunção Cristas disse também preservar, ao cabo de dois anos de liderança dos ex-parceiros de coligação governativa do PSD, as mesmas prioridades da moção que fez aprovar em Gondomar, quando recebeu o testemunho de Paulo Portas.
“Combater a pobreza também pela criação de emprego, criar um país amigo da família, compreender e valorizar a globalidade do nosso território, dar centralizado à cultura, apostar num Estado Social de Parceria e garantir a qualidade da justiça”, enumerou.
Outra das ideias resgatadas à moção de estratégia de há dois anos é a da “afirmação de uma oposição firme, acutilante e sempre construtiva”.
E num claro recado destinado a críticos internos a presidente do CDS-PP traçou também como meta “chegar a todos”: “Quero que me entendam, conheçam as nossas propostas e vençam os preconceitos que têm contra nós”.
“Sou pragmática? Sou”, sintetizou.
O primeiro discurso de Assunção Cristas na íntegra
“Nunca na minha vida, como mulher, mãe, professora, advogada, deputada, ministra ou presidente do partido, nunca, absolutamente nunca, prescindi de valores, de ideais, de inspiração. Mas para mim os valores não são para estar numa prateleira, numa vitrina. Têm que ser colocados em prática”.
“A democracia-cristã no eixo da roda”
Num balanço dos últimos dois anos, Cristas reclamou para o CDS-PP pós-Portas a liderança da agenda político-partidária “em muitos domínios”, sempre, argumentou, com o intuito de “representar mais e melhor os portugueses”.
Na mesma linha, quis advogar que o partido não parou “um minuto” desde que foi eleita para a liderança, deixando em seguida um elogio ao braço parlamentar, ao defender que os deputados do CDS-PP formam a “melhor bancada”.
A ideia da líder do CDS-PP é “jogar por antecipação” relativamente aos desempenhos das demais forças partidárias.
Acusada internamente de ter submetido ao escrutínio do Congresso de Lamego uma moção com lacunas, particularmente em matéria ideológica, Assunção Cristas quis afastar “qualquer dúvida”.
“O meu CDS é o CDS que tem a democracia-cristã como eixo da roda e se assume como a casa do centro e da direita das liberdades, juntando conservadores e liberais. Esse é o meu CDS”, afiançou.
“Esquerdas encostadas”
Embora tenha assumido como objetivo primordial a liderança do centro-direita, o que implicará sempre disputar eleitorado ao PSD de Rui Rio, Assunção Cristas martelou a tese de que os únicos adversários do CDS-PP são “o Partido Socialista e as esquerdas encostadas, que ora encostam ora ameaçam desencostar”.
Os democratas-cristãos, insistiu, terão de se apresentar como “uma alternativa ao Governo das esquerdas encostadas que gere o dia-a-dia e não tem uma visão de futuro para o país, um Governo do imobilismo que não vê a mudança do mundo que entra pelos olhos dentro”.
Já no termo desta primeira intervenção - que daria lugar a aplausos de pé dos delegados e gritos de “Assunção” -, Cristas quis garantir que o país ficará “a saber”, uma vez concluídos os trabalhos de Lamego, que “o CDS é a única alternativa”.
Fonte: RTP Noticias
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