O Benfica negou hoje ter sido informado antecipadamente de buscas da Polícia Judiciária em qualquer processo em curso.
"A Sport Lisboa e Benfica SAD reafirma que nunca recebeu essa ou outras informações sobre qualquer um dos processos que estejam em curso na justiça e que envolvam a sua instituição ou qualquer outra", lê-se em comunicado do clube lisboeta, cujo assessor jurídico, Paulo Gonçalves, é suspeito de ter tido acesso indevido a processos relativos ao Benfica.
Na sua edição de hoje, o semanário Expresso diz que "a PJ encontrou, nas buscas que fez no gabinete de Paulo Gonçalves no Estádio da Luz, cópias de despachos do juiz de instrução no caso dos e-mails sobre pedidos de buscas e inquirições a suspeitos".
Este processo, desencadeado por denúncias do diretor de comunicação do Futebol Clube do Porto, Francisco J. Marques, investiga suspeitas de influência do Benfica sobre o setor da arbitragem no futebol.
Fonte judicial citada pelo Expresso afirma que "o Benfica sabia por antecipação de todas as buscas da PJ ao clube" e "fez uma espécie de 'briefing' com os funcionários para saber como atuar". A mesma fonte diz que "o clube começou a ter acesso ilegal aos processos desde o caso dos 'vouchers', em 2016".
"A Sport Lisboa e Benfica SAD não pode também deixar de manifestar a sua estranheza e repúdio por (...) serem citadas de forma sistemática pretensas fontes judiciais ou fontes da Polícia Judiciária ligadas ao processo, numa assunção clara de violação do segredo de justiça, perante a total ausência de qualquer posição por parte dos responsáveis da investigação criminal e justiça", acrescenta o comunicado do Benfica.
Na terça-feira, a Polícia Judiciária (PJ) deteve Paulo Gonçalves e o funcionário do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça José Silva, por suspeitas de violação do segredo de justiça, corrupção, um crime informático de acesso ilegal e um de favorecimento pessoal, depois de ter realizado 30 buscas nas áreas de Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa, que levaram à apreensão de relevantes elementos probatórios.
A investigação, iniciada há quase meio ano pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção, averigua "o acesso ilegítimo a informação relativa a processos que correm termos nos tribunais ou departamentos do Ministério Público a troco de eventuais contrapartidas ilícitas a funcionários".
Após a detenção de Paulo Gonçalves, o Benfica assumiu a confiança de que o seu assessor jurídico vai "provar a legalidade dos seus procedimentos".
Após o primeiro interrogatório judicial, Paulo Gonçalves, que está indiciado por corrupção ativa e quatro crimes de violação do segredo de justiça, estes em coautoria com o técnico informático José Silva, ficou proibido de contactar com os outros quatro arguidos do processo, de acordo com o despacho da juíza Cláudia Pina.
José Silva, que ficou em prisão preventiva, está indiciado de um crime de corrupção passiva, favorecimento pessoal, peculato, burla informática, falsidade informática, nove crimes de acesso ilegítimo e mais quatro crimes de violação de segredo de justiça, estes em coautoria com Paulo Gonçalves
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