Personagens praticamente infalíveis nas festas infantis, os palhaços têm a missão de levar alegria e divertir as pessoas, com seus tradicionais narizes vermelhos. Acontece, no entanto, que nem sempre essa missão funciona tão bem assim.
Isso porque tem gente por aí que se arrepia só de pensar nos carinhas dos rostos brancos e bocas super vermelhas. Aliás, para quem conhece alguém assim, um alerta: não é frescura! Embora não seja uma parcela tão grande assim de pessoas que sentem medo dos palhaços, a fobia realmente existe e tem até nome. Chamado coulrofobia, esse transtorno consiste em um pavor agudo à figura circense.
Como a maioria dos distúrbios que trazem pavor de alguma determinada coisa (como é o caso de pessoas que odeiam alguns sons), a coulrofobia também pode ser causada por alguma experiência traumática na infância. No entanto, o número de indivíduos que realmente sofre de uma situação médica relacionada à pânico intenso não é tão expressivo assim. O que acontece na maioria dos casos, é que as pessoas simplesmente odeiam palhaços!
Tudo começa na infância. Um artigo científico da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, revela que crianças e adolescente com idades entre 4 e 16 anos são quase unânimes em afirmar que a presença de figuras de palhaço em quartos de hospital é assustadora e não colabora em nada com a recuperação de pacientes — é de se pensar como o McDonald's conseguiu conquistar o mundo com Ronald.
No artigo, a palavra usada para descrever Bozo e seus amigos em inglês é unknowable. Uma tradução próxima, mas complicada, é a palavra incognoscível. O espírito da coisa é que não se pode saber o que está por trás de um olhar de palhaço, e coisas ambíguas, em geral, dão muito mais medo do que coisas abertamente ruins.
Em resumo, todo mundo vai entender se você sair correndo quando um jacaré faminto avança na sua direção. O animal é um risco claro à sua vida, e todo mundo concordaria. Um palhaço, por outro lado, pode ter uma aparência repulsiva par alguns, mas nada garante que ele vá fazer uma maldade quando te abordar na rua — ou na platéia do circo. Eles são imprevisíveis. E é aí que está a chave do medo.
Uma outra pesquisa, que saiu na revista científica New Ideas in Psychology, é o primeiro estudo empírico já feito sobre coisas "arrepiantes" (creepy). E sua principal conclusão é que para ser horripilante, mais do que repulsivo, é preciso ser imprevisível. Os pesquisadores analisaram 1.341 voluntários maiores de idade por meio de questionários. Na primeira parte, os participantes precisavam selecionar, entre 44 características físicas e comportamentais diferentes, as que elas mais associavam a coisas arrepiantes. Depois, elas precisavam fazer seu próprio ranking de profissões de dar frio na barriga e selecionar dois hobbys que não fossem exatamente... normais.
Os resultados são óbvios: no topo da lista de profissões, com uma imensa vantagem, estão os palhaços. E entre as características que ativam o alerta de arrepio, comportamentos só um pouco estranhos são considerados piores que comportamentos abertamente estranhos.
É impossível saber se um palhaço está feliz ou triste com o disfarce da maquiagem. E é impossível saber se ele vai ou não dar com uma torta na sua cara em uma fração de segundo. O mais provável, então, é que seja essa mistura de felicidade fingida com intenções ocultas que dê tanto medo. E esse medo é universal.
Mesmo assim, é bom salientar que os portadores da fobia sofrem ataques de pânico ao se depararem com os seres de nariz vermelho, acompanhados de perda súbita de fôlego, arritmia cardíaca, suor exacerbado e podem ficar até mesmo nauseabundas...
Essa insatisfação com a presença dos palhaços move tanta gente, que há sites especificamente direcionados a quem não curte os clowns, como o I hate Clowns(em inglês). Além disso, o desgosto já chegou às redes sociais e existe até uma comunidade no Facebook dedicada a compartilhar essa mesma desaprovação, que já conta com mais de 475 mil adeptos!
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