O Standard Bank, que tal como os restantes bancos comerciais no nosso país não reduzem os seus alto spreads há mais de 2 anos, voltou a obter “resultados excepcionais” apesar de ter concedido menos crédito ao sector produtivo da economia. A sua margem financeira aumentou 77 por cento, para 9,3 biliões de meticais em 2017, impulsionada pelo seu investimento na Dívida Pública Interna de Moçambique.
O banco que tem como accionista maioritário o Stanbic Africa Holdings Limited, um Banco de investimento constituído no Reino Unido que detém uma participação equivalente a 98.1 por cento do capital, reconhece no Relatório e Contas do exercício de 2017 que “a manutenção de elevadas taxas de juro teve um impacto positivo nos nossos proveitos de juros.
Em paralelo com a nossa abordagem baseada nas operações, que ajudou a atenuar o custo de fundos, resultou numa melhoria da nossa margem financeira”.
Enquanto os moçambicanos sofrem todos os dias mais pela crise económica e financeira, que foi despoletada pela descoberta das dívidas ilegais da Proindicus e da MAM, as margens dos bancos comercias, spreads, dispararam.
Paralelamente o Governo, sem ajuda financeira dos Parceiros de Cooperação e com pouco acesso aos mercados financeiros internacionais, tem financiado o seu financiamento através da emissão de Títulos do Tesouro, que é Dívida Pública Interna, que são adquiridos pelos principalmente pelos bancos comerciais devido aos seus ganhos a curto prazo e que são indexados às “agiotas” taxas de juro que os mesmo pratica.
No documento analisado pelo @Verdade o Standard Bank declara que: “Os resultados líquidos de impostos subiram de maneira acentuada, de 2.781 milhões de meticais em 2016 para 5.595 milhões de meticais em 2017. Em linha com esse desempenho, a nossa rendibilidade dos capitais próprios subiu de 24,3 por cento em 2016 para 34,7 por cento”.
A margem financeira que tinha sido de 2,8 biliões de meticais antes da crise mais do que duplicou para 5,2 biliões em 2016 e no exercício de 2017 cresceu ainda mais, mais de 4 biliões, ascendendo a 9,3 biliões de meticais.
Crédito ao sector produtivo reduziu e Standard Bank aumentou investimento na Dívida Pública de Moçambique
O banco reconheçe que a sua “carteira de crédito registou uma quebra em termos anuais, em linha com o modesto consumo e investimento que se verificaram durante o ano”.
Com os mesmos spreads que pratica desde que a crise estalou no nosso país o Standard Bank continua a vender créditos ao sector produtivo, até 1 ano ou mais de 1 ano, a proibitivas taxas de juro de 34,75 e 33,75 por cento, respectivamente.
Assinaláveis a reduções do crédito no sector de Comércio a grosso e a retalho/ Reparação de itens específicos, de pouco mais de 6 biliões em 2016 reduziu para 4,5 biliões em 2017, no sector de infraestruturas a carteira de 6,2 biliões em 2016 diminuiu para 3,9 biliões no ano passado, porém mais acentuada foi a descida do crédito para a indústria transformadora que caiu de 6,6 biliões para apenas 2 biliões em 2017.
Sem fazer dinheiro com actividades tradicionais da banca comercial o Standard Bank indica que “o total do activo cresceu 9,8 por cento para 87.428 milhões de meticais (2016: 19%) impulsionado em grande medida pelo crescimento dos activos financeiros disponíveis para venda”.
Os activos financeiros referidos são os Bilhetes do Tesouro e Obrigações do Tesouro moçambicano que o Standard Bank continua a comprar tendo mais do que duplicado a sua carteira de 13,9 biliões em 2016 para 29,6 biliões no último exercício financeiro.
Esta carteira representa mais do que um quarto do total da Dívida Pública Interna de Moçambique que fechou o ano passado nos 98 biliões de meticais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário