Os trabalhadores do setor público da saúde iniciaram hoje às 00:00 uma greve nacional de dois dias, paralisação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap).
A greve abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, dos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como hospitais ou centros de saúde.
O protesto pretende exigir a aplicação do regime de 35 horas de trabalho semanais para todos os trabalhadores, progressões na carreira e o pagamento de horas extraordinárias vencidas e não liquidadas.
O Sintap reivindica ainda a aplicação do subsistema de saúde ADSE (para funcionários públicos) a todos os trabalhadores e um acordo coletivo de trabalho para os trabalhadores com contrato individual de trabalho.
A paralisação nacional começou hoje às 00:00 e prolonga-se até às 24:00 de quinta-feira.
No dia 25 deste mês, trabalhadores do setor da saúde voltam a cumprir um dia de greve, uma paralisação marcada pelos sindicatos afetos à CGTP.
Já na próxima semana, são os sindicatos médicos que têm uma greve de três dias agendada, para dias 8, 9 e 10.
Sindicato espera grande adesão à greve dos trabalhadores da saúde
O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública espera uma grande adesão na greve dos trabalhadores do setor público da saúde.
"A revolta é enorme. O desespero das pessoas pelo excesso de trabalho é de tal ordem que o sucesso desta greve vai ser muito importante. Caso não haja condições para chegar a um acordo no que diz respeito ao contrato coletivo de trabalho que queremos celebrar, ainda este mês voltaremos à greve", afirmou à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), José Abraão, que falava em frente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
"Mais de 20 mil trabalhadores fazem ainda 40 horas de trabalho semanal", notou José Abraão, considerando que é necessária a negociação de um acordo coletivo de trabalho para corrigir essa injustiça e garantir carreiras aos trabalhadores que estão com contratos individuais de trabalho.
Esses mais de 20 mil trabalhadores com contratos individuais de trabalho "nem sequer têm uma carreira. Há gente a ganhar o salário mínimo há 10, 15 ou quase 20 anos", criticou o dirigente sindical.
Até agora, a proposta apresentada pelo Governo "nem sequer prevê o descongelamento das carreiras e a contagem do tempo dos contratos individuais de trabalho para efeitos de progressão", referiu.
De acordo com José Abraão, os trabalhadores estão "claramente revoltados e apostados em mostrar ao Governo, nestes dois dias de greve, que esta é uma situação que tem de ser corrigida".
Segundo o secretário-geral do Sintap, o sindicato foi convocado para uma reunião na próxima sexta-feira para continuar as negociações do contrato coletivo de trabalho, que já está a ser negociado "há seis anos, sem qualquer tipo de resultados".
O Governo, defendeu, tem de dar "resposta aos problemas, acabar com a precariedade e acabar também com a sobrecarga" de muitos dos profissionais, face à falta de pessoal na maioria dos serviços.
Face aos turnos da noite que começavam antes das 00:00 de hoje, José Abraão referiu que, de acordo com os dados que lhe têm chegado de vários pontos do país, a adesão está a ser "significativa" e terá ainda mais impacto durante o dia, especialmente nas consultas.
Lusa
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