E, ontem, Niko Kovac devolveu o menino à casa. Contra todas as expectativas, Sanches pisou o relvado pela primeira vez neste início de temporada e logo como titular. A partir daí a Luz sabia uma coisa: não podia ser totalmente feliz em comunhão com o seu bom rebelde.
Mas foi.
E assim aconteceu porque, num futebol "capitalizado", a lealdade tornou-se rara. E a temporada de 2015/16, a única em que jogou pela equipa principal dos encarnados, Renato conquistou-a quando mostrou sentir o clube como poucos.
Por isso, quando aos 54 minutos o miúdo da Musgueira recuperou a bola na grande área do Bayern e correu até ao meio-campo do Benfica desenfreadamente, entregou a bola a Ribéry e recebeu-a no centro da área dos pés de James Rodriguez e fez o golo, ninguém podia ficar triste.
O português levantou-se de imediato e pediu desculpa aos seus. Os adeptos do Benfica levantaram-se e aplaudiram-no de pé. E os dois ali ficaram durante largos tempos a aplaudir-se mutuamente.
Naquele momento não tinha sido o golo. Era o filho que tinha voltado a casa, era o menino que se tinha eclipsado nos últimos anos e que voltava feliz e feroz, incansável e destrutivo, a reerguer-se no sítio que o viu nascer.
O Benfica perdeu, mas não faz mal.
Ou faz, claro que faz. O momento romântico entre os adeptos do Benfica e Renato Sanches celebra em si tudo o que há de melhor no futebol, mas não apaga um jogo em que os encarnados foram incapazes de se superiorizar aos alemães. De apagar a discrepância de qualidade entre as duas equipas.
in, MadreMedia / Tomás Albino Gomes
Foto: Lusa / Tiago Petinga
Nenhum comentário:
Postar um comentário