O presidente do partido Frelimo saudou nesta quinta-feira (18), na qualidade de Chefe de Estado, a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Polícia da República de Moçambique (PRM) pois “souberam gerir o processo eleitoral”, diga-se mais um que não foi livre, justo e muito menos transparente.
Numa curta Declaração à Nação o Presidente Filipe Nyusi começou por assinalar que “estas foram as eleições mais participadas de sempre e as que registaram menos casos de violência”, e pela forma como aconteceram “constituem um passo importante para a paz e estabilidade no nosso país”.
Todavia, a julgar pelo discurso da líder parlamentar do maior partido de oposição, o passo assinalado por Nyusi pode ter sido para trás. “Tudo indica que a Frelimo não quer que haja eleições em Moçambique. Quer governar roubando os votos que o povo deu a Renamo e aos outros partidos da oposição. Que democracia é essa? As recentes eleições autárquicas tiveram demasiadas irregularidades, pelo que ninguém em sã consciência pode afirmar que foram livres, justas, transparentes ou credíveis”, declarou Ivone Soares na abertura de VIII sessão ordinária da VIII legislatura da Assembleia da República.
Embora tenha sido evidente a habitual desorganização organizada dos órgãos eleitorais, que teve início no recenseamento de eleitores que não residem em Conselhos Autárquicos, e que apenas favorece os interesses do partido liderado por Filipe Nyusi, o Presidente de Moçambique saudou “os órgãos eleitorais, a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, a todos os níveis, pelo seu empenho e profissionalismo. Souberam gerir o processo eleitoral garantindo que este ocorresse dentro dos parâmetros legalmente previstos”.
“Os meios de comunicação jogaram um papel importante, levando ao conhecimento do público notícias e reportagens, não só o decurso do pleito eleitoral como também mobilizaram os cidadãos a manterem um comportamento pacífico”, disse ainda Nyusi numa omissa alusão a propaganda veiculada pelos medias estatais e aos privados serviçais do partido Frelimo.
Nyusi responde a Momade com exortação a calma e o respeito pelas leis
Ignorando as atrocidades cometidas pelos agentes da PRM, que na campanha eleitoral coartaram as acções dos partidos de oposição e no dia da votação participaram no desvio e troca de urnas assim como foram coniventes com o enchimento em outras urnas, o Chefe de Estado declarou: “Saúdo a Polícia da República de Moçambique por ter sabido manter a ordem e a segurança, e por ter impedido nalguns casos a ocorrência de actos de violência protegendo o cidadão sempre que estivesse em risco sem olhar para a cor partidária ou grupo de eleitores”.
O Presidente Nyusi concluiu a sua Declaração à Nação exortando “a manterem a calma, a serenidade e o respeito pelas leis enquanto se aguarda pelo anuncio dos resultados definitivos, valores que deverão permanecer depois da proclamação”, numa indirecta resposta ao líder interino do partido Renamo que no passado sábado (13) demandou um pronunciamento do Chefe de Estado a forma como decorreram as Autárquicas e que implicações poderia ter nas negociações para a paz definitiva em Moçambique.
“Não queremos guerra mas também não admitimos nem aceitamos qualquer tentativa de pôr em causa a vontade popular. Se este voto popular não for respeitado, a Renamo vai romper com as negociações e as consequências que daí advirem serão da inteira responsabilidade do Presidente da República e do partido Frelimo” declarou Ossufo Momade na Serra da Gorongosa.
Ecoando e amplificando a posição do líder do seu partido Ivone Soares declarou no Parlamento que: “A Renamo não vai permitir que os problemas havidos nestas últimas eleições autárquicas passem sem a devida solução. Nós ganhamos e por isso queremos governar! A soberania reside no povo e não pode haver maior nem melhor juiz do que o povo. A vontade do povo deve ser respeitada. A Renamo vai governar!”
A líder parlamentar deixou ainda no ar a receptividade do partido as vozes populares que defendem “que a Renamo não deva entregar as armas”.
É que passaram mais de 10 dias desde que oficialmente iniciou a desmilitarização, desmobilização e reintegração dos homens armados do partido Renamo não são público avanços no processo.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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