quarta-feira, 10 de abril de 2019

Moçambique | FMI mantém previsão de recuperação da economia de Moçambique em 2019, ainda sem o impacto do Ciclone IDAI e das cheias


O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta terça-feira (09) a sua estimativa para o crescimento económico para Moçambique de 4 por cento, ainda sem reflectir o impacto macroeconómico do Ciclone IDAI e das cheias que ainda se fazem sentir no Centro do país. A instituição financeira rebaixou novamente as projecções de crescimento global para 3,3 por cento em 2019 devido às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, a “descida da confiança empresarial” e ao “ajuste das condições financeiras”, de acordo com. Para as economias mais fortes do nosso continente o FMI prevê o abrandamento de crescimento na Nigéria e uma recuperação precária na África do Sul.
No relatório “Perspectivas Económicas Globais” de Abril de 2019 o FMI mantém as previsões feitas para Moçambique em Outubro de 2018 ainda sem os resultados reais que mostraram a economia a desacelerar para 3,3 por cento, muito abaixo das sempre optimistas projecções governamentais que esperavam 5,3 por cento.
Em Outubro o Fundo Monetário Internacional previra que o nosso país iria crescer 3,5 por cento em 2018, 4 por cento em 2019 e já a contar com o início dos projectos de gás natural apontava o Produto Interno Bruto (PIB) em 11,1 por cento em 2023. Neste relatório, intitulado “abrandamento de crescimento e recuperação precária”, a instituição financeira mantém os 4 por cento de crescimento do PIB para 2019.
FMI WEO 2019
Ricardo Velloso, o chefe da Missão que visitou Moçambique e pôde presenciar o impacto do ciclone de categoria 4 e das cheias no Centro, considerou ser “cedo para se avaliar os efeitos macroeconómicos” dessas calamidades naturais mas não tinha dúvidas que iria afectar o crescimento económico de 2019.
“Apesar dos prováveis efeitos macroeconómicos adversos do Ciclone IDAI em 2019 que estão ainda a ser analisadas, as perspectivas são de uma recuperação da actividade económica a médio prazo, com uma expansão mais significativo com o início da produção de gás natural liquefeito esperada para 2023”, perspectivou em finais de Março, em Maputo, o funcionário sénior do FMI.
As previsões do Fundo Monetário Internacional indicam que em 2020, 2021 e 2022 o PIB moçambicano ficará em torno dos 4 por cento e em 2023 é que poderá voltar a crescer para 9,4 por cento e em 2024 ascenderá aos 11,6 por cento. Contando com a entrada em funcionamento da fábrica flutuante de gás natural liquefeito que irá operar na Área 4 da Bacia do Rovuma em 2022 e com o início da produção na Área 1 em 2023.
Desaceleração esperada em 2019 resulta de problemas nos países ricos
Entretanto o FMI cortou a sua estimativa para o crescimento económico global em 2019 e alertou que a expansão pode desacelerar ainda mais devido às tensões sobre comércio e a uma saída potencialmente desordenada do Reino Unido da União Europeia.
Naquela que é a terceira redução desde Outubro, o Fundo disse que algumas das principais economias, incluindo China e Alemanha, podem precisar adoptar acções no curto prazo para impulsionar o crescimento.
O FMI disse que ainda espera que uma forte desaceleração na Europa e em alguns mercados emergentes dê espaço a uma retomada da aceleração de forma geral no segundo semestre de 2019.
A economia global deve crescer 3,3 por cento este ano, a expansão mais lenta desde 2016, disse o FMI numa previsão que representou redução de 0,2 pontos percentual sobre a estimativa de Janeiro. A taxa de crescimento estimada para 2020 permaneceu em 3,6 por cento.
Mais de dois terços da desaceleração esperada em 2019 resulta de problemas nos países ricos, indica o relatório divulgado para as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial que decorrem esta semana em Washington e onde Moçambique deverá estar representado pelo ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, e pelo Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Um potencial problema está na indecisão do Reino Unido sobre como deixar a União Europeia. Apesar dos prazos, Londres não decidiu como tentará proteger sua economia durante o processo de saída. As novas estimativas do FMI pressupõem um Brexit ordenado, mas o Fundo disse que um processo caótico pode tirar mais de 0,2 ponto percentual do crescimento global em 2019.
O crescimento económico da Europa que tem estado a desacelerar foi responsável pela maior parte da redução na estimativa de crescimento global.
A perspectiva para a Alemanha sofreu com a demanda mais fraca por suas exportações, gastos mais fracos dos consumidores e novos padrões de emissão que pressionaram as vendas de carros.
A Alemanha pode ter que se voltar rapidamente a medidas de estímulo fiscal, disse o FMI, também pedindo ao Banco Central Europeu que continue a estimular a economia regional.
FMI WEO 2019
Abrandamento de crescimento na Nigéria e recuperação precária na África do Sul

A estimativa para a economia dos Estados Unidos da América (EUA), embora deva ter desempenho melhor do que outras nações ricas, também foi rebaixada com sinais de que um estímulo fiscal alimentado por cortes de impostos está produzindo menos actividade do que esperado anteriormente.
O FMI disse que defende a decisão do Federal Reserve de dar uma pausa no ciclo de altas de juros, o que, para o Fundo, vai sustentar as economias dos EUA e mundiais neste ano ao aliviar as condições financeiras.
O FMI elevou sua estimativa para o crescimento económico dos EUA em 2020 em 0,1 ponto, para 1,9 por cento.
O Fundo disse que ainda reviu ligeiramente em alta a sua estimativa para o crescimento da China este ano, para 6,3 por cento, em parte porque esperava uma intensificação na guerra comercial entre EUA e China que não se aconteceu.
Para a economia mais forte do nosso continente o FMI elevou em 0,1 ponto o crescimento em 2019, comparativamente a actualização de Janeiro mas rebaixou em 0,2 pontos percentuais o PIB da Nigéria relativamente ao relatório de Outubro de 2018.
O Fundo Monetário Internacional reviu para 1,2 por cento o crescimento na África do Sul, menos 0,2 pontos percentuais comparativamente as previsões anteriores.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

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