No espaço de uma hora - pelas 13 horas de sábado - choveram no Porto 43,1 milímetros (mm) por metro quadrado, o equivalente a quase metade do que costuma chover no mês de outubro (98,2 mm, de acordo com a média observada a 30 anos). Os efeitos foram visíveis: voos cancelados, metro parado, aluimentos de terras, inundações e estradas cortadas.
Ao JN, o meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Ricardo Tavares, frisou tratar-se de "uma precipitação quase extrema", sendo que, durante aquela hora, o Porto "entrou dentro do aviso vermelho", definido para situações meteorológicas de risco extremo, ao ultrapassar os 40 mm de precipitação por hora, "o que acontece raramente". Entre as 9 e as 14 horas registou-se um acumulado de 112,7 mm, valor próximo da média de precipitação total calculada para o Porto (138 mm) no mês de outubro. Tudo devido a uma "superfície frontal, que acabou por persistir muito na zona do Porto", disse.
Conforme explicou ao JN o especialista em recursos hídricos Rui Cortes, o Porto assistiu "a uma precipitação máxima que ocorre uma vez em dez anos", tendo chovido "numa hora metade do que chove no mês de outubro (valores médios)". Uma precipitação "muito elevada", mas abaixo da situação máxima de 120 mm/hora para o Porto, que só acontece uma vez em cem anos, precisou o docente da Universidade de Trás- os-Montes e Alto Douro.
A Proteção Civil registou mais de 350 ocorrências nas regiões do Porto e de Braga, com centenas de inundações em casas e estradas.
As condições atmosféricas muito adversas levaram ao cancelamento de dez partidas e seis chegadas no aeroporto do Porto, entre as 11 horas e o final do dia, altura em que os atrasos chegavam a ser superiores a seis horas devido ao "efeito dominó".
"O nosso voo para Dublin está atrasado seis horas, pelo que vamos perder a ligação para Glasgow. A solução que a Ryanair nos deu foi dormir no aeroporto e apanhar o das 7 horas amanhã [este domingo]", revelou Blanca, espanhola que viajava com a filha de dez anos. "Estamos há duas horas na fila para que a SATA nos diga que solução tem para nós", queixou-se Mónica Cardoso, que pretendia passar o fim de semana na Horta.
A linha de metro para o aeroporto também chegou a parar de manhã, devido à inundação de um túnel, sendo a circulação reposta ao início da tarde. Ao longo do dia, foram sendo divulgadas nas redes sociais imagens impressionantes um pouco por todo o lado, no Porto, Matosinhos, Gaia e Gondomar. O concelho da Maia foi dos mais afetados, chegando a encerrar um centro comercial durante várias horas. Um acidente na A41, à hora em que mais chovia, causou dois mortos.
JN
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