Maria de Lurdes de Oliveira Castanheira |
Góis é um concelho de tradições, a Feira dos Santos sempre foi uma iniciativa muito prezada pela comunidade Goiense. O dia 01 de novembro, durante anos, foi um feriado essencialmente dedicado a homenagear todos os que já partiram, bem como uma comemoração em honra de todos os santos, venerados ao longo do ano.
Muitos ainda serão os goienses que preservam memórias de uma tradição, com mais de sessenta anos, tendo como espaço a área envolvente da capela do Castelo, local onde decorria a antiga Feira dos Santos, uma iniciativa que permitia que as famílias se reunissem em torno de um mercado, com destaque para a matança do porco e para a prática gastronómica da confecção dos torresmos, nesse mesmo espaço e em comunidade, um hábito que passava de ano para ano.
Este espaço começa a demonstrar não possuir as condições necessárias, dada a afluência do público e/ou de vendedores, concomitantemente, o Decreto-Lei nº 28/84, de 20 de janeiro, proíbe o abate de suínos fora dos estabelecimentos aprovados para o efeito (Matadouros), consubstanciando esta prática crime contra a saúde pública. Estas condicionantes mostraram ser necessário um trabalho de identificação de novas oportunidades e/ou estratégias de modo a permitir a continuidade desta tradição, ainda que assumindo uma estrutura diferente, pudesse comungar dos seus princípios basilares.
Com o passar do tempo, a Câmara Municipal de Góis reconhece como ideal a oportunidade de associar a este feriado nacional a promoção dos produtos endógenos e a produção agrícola sazonal, com destaque para a castanha e o mel. Desde então tem conseguido manter-se fiel à tradição (ainda que recente) organizando, anualmente, aquela que veio a denominar-se como Feira dos Santos, do Mel e da Castanha, a decorrer no Parque de Lazer do Baião, no dia 01 de novembro, procurando, em cada edição, inovar em termos daquilo que é a sua programação cultural, sem descurar a relevância de preservar e valorizar o seu património imaterial, promover a sustentabilidade local e uma economia circular.
Nesta programação a promoção da prática desportiva não foi descurada, salienta-se a realização do torneio de malha inter-coletividades, que conta com a sua décima oitava edição e, pela primeira vez, a parceria com VNCycles com a organização de um passeio BTT.
Mas esta edição contempla muito mais, desde concursos, gastronomia, animação infantil, a apresentação pública do modelo de proteção da vespa velutina designado de “api Túnel Elétrico” pela Terra de Ouro. De igual modo, a etnografia estará devidamente representada através da atuação do Rancho Folclórico “Mensageiros da Alegria”, terminando o dia com a recriação do tradicional magusto. Perante a diversidade de atividades culturais e recreativas lanço um repto à consulta do programa.
Em 2018, o Município apresentou publicamente, pela primeira vez, a “Apis melífera”, a abelha mascote deste certame, superando as expetativas restritivas a esta feira, ao passar a abrilhantar muitos dos momentos associados às atividades de educação ambiental e todo um conjunto de dinâmicas municipais associadas às boas práticas ambientais, trazendo alegria à comunidade escolar e à população em geral. Obviamente, este ano a sua presença irá fazer-se notar ao longo de todo o dia.
A edição de 2019 da Feira dos Santos, do Mel e da Castanha conta com o apoio de um conjunto de parceiros essenciais ao sucesso desta iniciativa, a todas elas dirijo, em meu nome pessoal e em nome da Câmara Municipal de Góis, um agradecimento muito especial.
Não posso terminar sem antes formular um convite a todas e a todos para que visitem a Festa dos Santos, do Mel e da Castanha, permitam-se, deste modo, fazer parte da história deste concelho. Desafio cada um de vós a conhecer as tradições e a partilhar de um conjunto de experiências únicas intrínsecas à verdadeira essência de Góis e dos Goienses.
Maria de Lurdes de Oliveira Castanheira
(Presidente da Câmara Municipal de Góis)
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