Crise social, moral, religiosa e reações auspiciosas numa civilização e num mundo em combustão. Não é fácil encontrar um fato que sintetize os acontecimentos desse ano que findou, mas poderíamos escolher uma imagem como sendo a mais figurativa de 2019: o incêndio em Notre-Dame, a catedral arquetípica, o edifício mais visitado da Europa, resume a história da Civilização, que sente, como todos nós, o abalo causado pelas chamas.
- Fonte: Revista Catolicismo, Nº 829, Janeiro/2020
Para sintetizar de algum modo o ano de 2019, poderíamos escolher uma imagem muito simbólica: o incêndio em Notre-Dame, a belíssima Catedral de Paris. Ela representa não somente a alma da França, mas a alma da Cristandade. Para inúmeras pessoas, é a mais bela e mais simbólica do mundo, o pináculo da arte francesa, a glória da arquitetura gótica medieval.
Esse monumental símbolo da Cristandade ardeu em chamas no dia 15 de abril. Não somente a França, mas também grande parte da população mundial sentiu-se coberta de luto. E se o fogo tivesse devorado completamente essa catedral por excelência, todos nos sentiríamos em alguma medida na condição de órfãos. Atingindo tão violentamente esse símbolo da Cristandade, o desastre bem pode simbolizar o incêndio na “barca de Pedro” (a fumaça de Satanás, no dizer de Paulo VI), que vai corroendo os alicerces da Civilização Cristã.
O ano de 2019 esteve carregado de grandes acontecimentos auspiciosos, mas também de muitos outros sintomáticos da revolução cultural e do caos generalizado, introduzidos na Igreja e no mundo. Por exemplo, arderam agitações violentas e anárquicas em muitos países, com expressão máxima nas antes tranquilas e prósperas ruas de cidades chilenas.
Tais agitações agradaram ao ex-presidente Lula da Silva, que logo ao ser solto da cadeia incitou arruaças no Brasil, dizendo ser preciso imitar o Chile. No entanto essa grandiloquência agitante caiu no vazio, pois todos conhecemos na própria pele suas funestas consequências. E o projeto das esquerdas de “venezuelizar” várias nações continua na ordem do dia. Está presente também na pauta de grande parte da mídia, que torce desesperadamente pela implantação da agenda lulopetista-bolivariana, apesar do total fracasso dos governos esquerdistas.
Expressão máxima do ano, como causa e efeito do “incêndio” na Igreja católica, o Sínodo Pan-Amazônico deve passar para a história como “Sínodo da Pachamama”. Além de impulsionar o comuno-tribalismo indigenista, muitos de seus participantes introduziram e veneraram nos jardins do Vaticano, com a presença e apoio do Papa Francisco, esse ídolo pagão. Mais um gesto coletivo de “autodemolição” da Igreja, que levou muitas autoridades a falar em cisma.
No sentido oposto ao ambicionado pela mídia esquerdista, Catolicismo deseja ardentemente que 2020 seja decisivo na marcha pela restauração dos valores da Cristandade, em todo o seu esplendor e integridade; características estas que desejamos e apoiamos também no que se refere à restauração da Catedral de Notre-Dame — ou seja, exatamente como foi em seu glorioso passado, e não desfigurada por modernismo nem paganismo disfarçado.
ABIM
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