Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro descobriu que as cascas de banana são altamente eficientes na remoção de metais pesados de águas contaminadas nomeadamente do mercúrio. O grupo de investigação verificou igualmente que estas possuem eficácia em outros metais tóxicos como o chumbo ou o cádmio.
Elaine Fabre, uma das investigadoras da Universidade de Aveiro, explicou, em entrevista à RTP, como descobriram estas potencialidades da casca de banana.
No caso específico do mercúrio, as cascas foram as “campeãs da limpeza”. A investigadora referiu que “o que as diferencia dos outros materiais biológicos [que também são formados por celulose, lenhina e hemicelulose] é que as mesmas são mais ricas em grupos de enxofre e o mercúrio tem elevada afinidade por esse elemento”.
Acrescentou que é por essa razão que “são tão eficientes na remoção de mercúrio da água”.
A responsável pela investigação esclareceu de que maneira é que este composto orgânico absorve os metais pesados de águas contaminadas, quase como um “íman”.
A remoção de mercúrio ocorre através de processos de sorção que envolvem a retenção de um composto de uma fase fluída na superfície de um sólido. Este processo pode ser aplicado em vários cenários desde que contenham águas contaminadas.
Para tal, o grupo de investigação assegurou que basta colocar as cascas em contacto com a água contaminada por um determinado período de tempo. Contudo, as cascas possuem uma duração, dado que são um material biológico e “apodrecem”. Elaine Fabre explicou todo o processo para que estas não se deteriorem rapidamente.
No trabalho dos investigadores que foi publicado na revista Science of the Total Environment foi apresentada uma estimativa das gramas necessárias de cascas para se atingir a concentração permitida para águas de consumo humano.
Segundo a investigadora, não é só a casca que é aproveitada. O “resto da banana” também é utilizado.
Este processo já foi testado em diversos sistemas reais. Em água da torneira, água do mar ou água de efluentes industriais, e na presença de muitos outros elementos para além de metais pesados, em todos os casos as cascas mostraram-se eficazes.
“Os resultados mostram um potencial muito promissor na aplicação das cascas em sistemas reais”, referiu a investigadora.
De acordo com os cientistas de Aveiro, o foco desta investigação não foi apenas valorizar este resíduo que não tem qualquer valor comercial, mas também obter água com qualidade para consumo humano, principalmente nos locais onde não existem recursos para tratamento de água.
“O que pretendemos foi oferecer uma alternativa simples e fácil de aplicar que permite de uma maneira barata, melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirmou Elaine Fabre.
A investigação envolveu, além de Elaine Fabre, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro e LAQV-REQUIMTE, os cientistas Cláudia Lopes, Eduarda Pereira, Carlos Silva, Carlos Vale, Paula Figueira e Bruno Henriques.
RTP Notícias
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