O partido Renamo denunciou 14 “assassinatos bárbaros” protagonizados pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) na Província de Cabo Delgado, “o cidadão indefeso não pode ser vitima da falta de estratégia militar para combater os insurgentes que estão a ceifar vidas humanas”, declarou o deputado José Manteigas nesta quinta-feira (23).
“Chegam informações preocupantes de Cabo Delgado, segundo as quais, no passado dia 12 de Abril, cerca das 18 horas, uma embarcação transportando pessoas e mercadorias de Pemba para Ibo foi interceptada por elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Depois de um simulado interrogatório, arrastaram a embarcação para baixo da ponte cais e disparam contra todos os ocupantes o que causou a morte de vários concidadãos, entre os quais: Máquina Juma Mpingo, Ussene Juma, Nacir Machaca, Jamal Nacir, Ussene Nacir Momade Chabane, Samuel Momade e Abdala Nvita. De seguida lançaram os corpos para o mar”, revelou Manteigas que precisou que dois eram membro do partido.
Falando em conferência de imprensa o porta-voz do maior partido de oposição declarou que: “No dia 16 de Abril corrente, uma outra embarcação com três passageiros à bordo que navegava de Palma à Pemba, tendo chegado na Ilha do Ibo, elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique balearam os seus ocupantes que resultou na morte de dois, nomeadamente, Muemede Ali Mbaile e Bachir Muemede Cudeda. Deste acto macabro sobreviveu o proprietário e tripulante da embarcação, Amade Culanda”.
“No distrito de Palma, elementos das FADM balearam brutalmente cidadãos indefesos que resultou na morte de: Roberto Mussa Ambasse, Muemede Selemane Jumbe, Muindi Abudo e Amina Sumail” acrescentou José Manteigas que referiu que num outro acto de violência no Distrito do Ibo, “elementos das FADM dirigiram-se ao restaurante do cidadão Selemane Idi, onde expulsaram o guarda do estabelecimento, arrombaram a porta, consumiram bebidas alcoólicas e saquearam géneros alimentícios”.
O porta-voz do partido Renamo, que não apresentou evidências que os 14 assassinatos tenham sido protagonizados pelas FADM, referiu-se ainda aos actos de violência que agentes da Polícia da República de Moçambique protagonizaram esta semana nas cidades de Pemba, Beira e de Quelimane.
“O nosso Povo não pode ser bode expiatório da incapacidade e inoperância das Forças de Defesa e Segurança, o cidadão indefeso não pode ser vitima da falta de estratégia militar para combater os insurgentes que estão a ceifar vidas humanas em Cabo Delgado. Os moçambicanos perguntam: Se a Policia mata, os militares matam e os insurgentes matam, quem vai os proteger”, questionou o porta-voz do partido Renamo que exortou ao Presidente Filipe Nyusi a “agir imediatamente no sentido de mandar parar os assassinatos bárbaros, repor ordem nas fileiras e criar condições logísticas robustas e necessárias de modo a elevar a moral e capacidade combativa”.
Ironicamente nesta quarta-feira (22), durante o empoçamento dos membros do Conselho Nacional de Direitos Humanos o Presidente Nyusi, que é também o Comandante em Chefe de todas Forças de Defesa e Segurança, admitiu que “em momentos difíceis, como os que atravessamos, somos levados a adoptar medidas e decisões robustas com vista a defesa da nossa soberania e da nossa integridade territorial (...) algumas dessas medidas, caros compatriotas, podem involuntariamente propiciar a violação dos direitos humanos. Por conta do cumprimento dessas medidas ocasiões há em que temos sido confrontados com algumas violações de direitos humanos perpetrados pelas autoridades e outros actores, verdadeiras ou não, estas informação devem sempre merecer a nossa e a vossa atenção com a máxima serenidade e sem emoções”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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