domingo, 6 de dezembro de 2015

ESSÊNCIA DA VIRTUDE



A virtude é outra propriedade dos actos honestos, assim que que se repetem e deixam no sujeito uma impressão que facilita a boa conduta.

No entanto, não todos apreciam a virtude como um valor moral positivo. Apesar de que a mesma palavra está significando força, energia, virilidade, frequentemente se fizeram caricaturas das diferentes virtudes, as considerando no mesmo nível da gazmoñería, da mojigatería, da timidez ou até da hipocrisia.

Por isso é necessário definir com maior precisão a essência da virtude, clarificar os mal entendidos e descrever as principais virtudes concretas que o homem de fato possui.

DEFINIÇÃO DA VIRTUDE:

a) A virtude é uma qualidade. Em primeiro lugar, não devem ser confundido a virtude e o ato honesto. Uma pessoa pode realizar actos honestos sem ter virtude. Esta é uma qualidade que inclina e facilita a realização de ditos actos.

b) Qualidade adquirida. Este dado é de muita importância. Não há virtudes inatas. Todas devem ser adquirido a base de esforço e repetição. Verdadeiro é que o homem pode ter algumas predisposições favoráveis desde o nascimento; mas, em todo caso, tais predisposições só estão em potencial convertem em virtude até que se actualizam de um modo voluntário.

A virtude (como todo valor moral) depende da actuação voluntária e livre do sujeito. Outros valores podem ser herdado, mas não a virtude.

e) É uma qualidade estável. As virtudes são hábitos bons, segundo a definição aristotélica; adquirem-se e possuem uma verdadeira estabilidade na pessoa, susceptível de incrementar-se lentamente como uma linha de conduta mais ou menos característica de tal indivíduo.

d) Facilita o acto humano. Aqui está o efeito da virtude. Quem possui-a tem maior facilidade para actuar bem; fá-lo com agrado e, ademais pode realizar actos que, sem ela, séria impossível.

De todo o qual surge a seguinte definição da virtude: É uma qualidade estável e adquirida que facilita o ato honesto. Aristóteles definia a virtude como um hábito bom.

As PRINCIPAIS VIRTUDES.

As virtudes podem ser naturais (prudência, justiça, fortaleza e templanza) ou sobrenaturales (fé, esperança e caridade), segundo que correspondam ao nível humano ou estejam acima das capacidades próprias da natureza do homem. Também se dividem em intelectuais (prudência, ciência, arte, sabedoria e intuição) e morais (prudência, justiça, fortaleza e templanza), segundo que residam nos apetitos ou na inteligência.

Mas, sobretudo, as virtudes morais fazem ao homem bom. Não é possível as usar mau. Em mudança, as virtudes intelectuais só fazem bom ao homem em verdadeiro aspecto, e, em alguns casos, poderiam estar na contramão do valor moral. Somente a prudência é ao mesmo tempo intelectual e moral.

Prudência. É a virtude da razão, pela que o homem sabe o que há que fazer ou evitar no momento presente.

O homem prudente tem uma aptidão especial para dar-se conta das circunstâncias concretas que o afectam, e que podem influir em suas decisões livres O prudente se sabe aproveitar das experiências passadas. E, a respeito do futuro, sabe prever e fornecer. Sabe actuar com rapidez quando as circunstâncias o ameritan; e, em outros casos, se tomará seu tempo para meditar e eleger concienzudamente.

Justiça. Consiste em dar à cada um o que lhe corresponde. Uma pessoa que, de um modo constante, respeita os direitos alheios e lhe dá à cada um o que lhe deve, tem a virtude da justiça.

Pode ser considerado três classes principais de justiça: conmutativa, distributiva e legal ou social.

Chama-se justiça conmutativa a que rege os relacionamentos entre pessoas particulares. Por exemplo: um comerciante cumpre fielmente um contrato de compra. O roubo, a mentira, calunia-a, a injuria, o homicídio, os maus tratos, vão na contramão da justiça, assim que que violam os direitos alheios.

A justiça distributiva rege os relacionamentos entre a sociedade e o súbdito. Fica a cargo dos governantes, quem devem distribuir os benefícios e as cargas da sociedade, entre os diferentes súbditos, por exemplo: os impostos.

A justiça legal ou social rege os relacionamentos do indivíduo com respeito à sociedade. É a vontade de actuar em atenção ao bem comum. Tem importantes aplicações no terreno económico, tal como se estudará em um capítulo posterior.

Fortaleza. É a firmeza da alma, capaz de vencer as dificuldades próprias da vida.

O homem com fortaleza tem facilidade para sobreponerse aos obstáculos e penalidades que se encontram ao longo da vida; é perseverante e paciente; tem grandeza de alma (magnanimidad).

Opõe-se à temeridad e à covardia. É contrária à timidez, ao desespero e à ambição exagerada.

Templanza. É a virtude cujo objecto consiste em moderar os prazeres sensíveis.

Pode tomar a forma de sobriedad, no que se refere ao gosto pelos alimentos e a bebida; ou bem, se chama castidade, quando modera o instinto sexual.

A humildade é também uma forma de templanza, já que modera o gosto excessivo pela própria fama e glória.

Em fim, quem avança na posse destas virtudes esta realizando em si mesmo o valor moral, tal como ficou definido: a trascendentalidad da pessoa. Efectivamente: com a prudência adquire sua inteligência o conhecimento prático e concreto do caminho que deve seguir: transcende a ordem dos fatos. Com a justiça realiza a ordem moral (de direito) em seus relacionamentos com os demais. Com a fortaleza sortea as dificuldades. E com a templanza aparta-se do caminho fácil sugerido pelos apetitos sensíveis. Em uma palavra, as virtudes elevam ao homem para além do comum, dão-lhe ao sujeito uma autêntica personalidade, digna de admiração e de elogio, a única que pode ser chamado boa, de um modo pleno e adequado. A moralización do indivíduo só pode ser conseguido a base das virtudes pessoais:

Veracidade.

É a qualidade própria daquelas pessoas que sabem se expressar com a firme convicção de que o que dizem não pode ser fonte de enganos, pois o pesquisaram e reflectido com sumo cuidado. Se comete erro, este não se deve ao dolo ou a má fé, senão simplesmente às limitações naturais do conhecimento humano, e que por tanto estarão sempre dispostas a corrigir.

Sustentar a verdade ainda no meio das situações mais comprometidas, nas que vai de por médio a própria segurança pessoal, é amostra de grande valor e entereza morais.

A veracidade moral é diferente à verdade em sentido gnoseológico, mas as pessoas verazes fazem um grande uso da verdade, professam-lhe um sincero culto.

Tolerância.

É o respeito e consideração que nos merecem as ideias ou actuações dos demais, apesar da rejeição que sintamos por ser contrárias a nossa forma de ser e de pensar. Está fincada no respeito à pessoa e no entendimento de nossas limitações. Ao reconhecer que não somos possuidores da verdade absoluta devemos permitir a manifestação de ideias diferentes, por ser também diferentes os pontos de vista, da formação cultural e os costumes entre os homens.

Tudo isto dentro dos limites possíveis do respeito mútuo, pois se estes se rompem a tolerância não tem então por que se sustentar, sobretudo quando é demostrable o erro da parte contrária.

Bondade.

É a virtude moral por excelência, o valor mais alto da conduta, que se confunde inclusive com o mesmo conceito de virtude. Define-se quase igual que esta como a determinação da vontade para fazer o bem aos demais. Se o bem é o fim essencial da moral, então a bondade é a virtude suprema do ato moral, a meta ideal da moralización do indivíduo.

Devemos distinguir um matiz de diferença muito importante entre a benevolência ou benignidad, que são derivações da bondade, e a bondade em sentido estrito, capaz de converter o cumprimento do bem em uma obrigação autoimpuesta pela própria vontade. Os conceitos derivados implicam uma atitude mais bem passiva, muito tolerante, de suportar com grande resignação o dano que outros possam causamos.

Todas as virtudes mantêm entre si íntimos enlaces, mas a bondade é tão ampla que corno nenhuma envolve às restantes em um todo unitário.

Ante o problema muito discutido de se o homem é bom ou mau por natureza, nos avocamos a crer em sua bondade, e que sua maldade é mais bem o produto das frustrações e injustiças que sofreu ao longo de sua existência. O homem bom tem de ser livre, responsável, dono de suas palavras e acções, com pensamentos elevados e dispostos a construir sua vida com altruísmo, generosidade, tolerância, solidariedade, e demais virtudes.

Justiça.

É a virtude moral que faz referência à ordem, igualdade e harmonia que devem prevalecer no homem, em sua dupla dimensão social e individual.

Quanto ao indivíduo, a justiça expressa (segundo Platón) o adequado equilíbrio e harmonia entre as faculdades da alma; ficando subordinadas à razão a vontade e a sensibilidade. Quanto ao ser social, a justiça tenta integrar em uma ordem estável, harmónico e igualitário os relacionamentos interhumanas com o fim de obter o bem comum.

A justiça é a aspiração máxima do direito, a idéia que deve o inspirar constantemente. Embora tem um fundamento ético de grande transcendência, o local onde melhor se assenta é no dos relacionamentos sociais reguladas pelo direito. Isto se deve à própria natureza da justiça, que possui em nosso tempo uma connotación mais social que individual, mais positiva que metafísica.

A justiça natural tem à equidade (o mesurado) como um de seus princípios básicos.

A justiça, derivada do direito positivo, encontra-se plasmada nos diferentes ordenamentos legais promulgados pelo poder público. Esta é a justiça social ou legal, que pára muitos é a justiça propriamente dita.

A justiça legal divide-se de modo geral ou particular, "segundo que considere os actos humanos em relacionamento com o que exige a conservação da unidade social e o bem comum, ou em relacionamento com o que corresponde aos particulares entre si ou em frente à comunidade. A primeira regula os direitos da sociedade e a segunda os direitos dos particulares".

Esta última subdivide-se em distributiva e em comutativa.

A justiça distributiva, segundo a célebre definição de Ulpiano como: "a vontade constante e perpétua de dar à cada um o seu", estima, aprecia, ou distingue segundo a lei ou os princípios da equidade, o que à cada um lhe corresponde.

A justiça comutativa é a que deve ser dado nos relacionamentos bilaterais de truque ou mudança; consistente na igualdade ou proporção de tipo aritmético entre o que se dá e o que se recebe.

Magnanimidad.

Consistente na grandeza espiritual de ver a vida desde perspectivas muito elevadas, colocando sempre acima das nimiedades ou asperezas da existência, a força do ânimo empreendedor, o altruismo pelo próximo. Ninguém como Aristóteles nos ofereceu até agora um conceito tão claro e profundo desta virtude; vale demasiado a pena para não transcribirla, nos diz: "A magnanimidad, como seu mesmo nome o dá a entender, parece se aplicar às grandes coisas... O que é digno de coisas pequenas, e delas se julga digno, é discreto, mas não magnânimo, porque a magnanimidad está na grandeza, como a hermosura em um corpo grande; os pequenos são graciosos e bem fornecidos, mas não formosos.

A magnanimidad muéstrase bem como certa ordem bela das virtudes, pois fá-las maiores e não se dá sem elas. Pelo qual é difícil ser com verdade magnânimo, pois não é possível o ser sem nobreza moral.

O magnânimo é, pois, tal sobretudo nas honras e deshonores. Mas ainda nas grandes honras, e por mais que provenham dos homens de bem, o magnânimo desfrutará deles moderadamente, como quem obtém o que lhe pertence. Mas desprezará em absoluto as honras que vingam de gentes quaisquer ou por coisas miúdas, por ser inferiores a sua merecimento. Igual conduta observará nas afrentas, que não poderiam ser aplicado justamente a ele.

É próprio do magnânimo não haver menester de ninguém ou mal, senão ser cedo em dar ajuda; bem como ser altivo com os que estão em dignidade e prosperidade, e afable com os de média condição. Sobrepujar aos uns é coisa difícil e excelsa, mas fácil com respeito aos outros. Dar-se ares de superioridade com os primeiros não quadra mau a um homem bem nascido; mas fazê-lo com os humildes é uma vulgar insolência, tal como fazer alarde de sua força com os débis.

É também próprio do magnânimo não frequentar locais de moda, nem aqueles outros onde outros têm a primeira categoria. O magnânimo é indolente e demoro, a não ser que não tenha de por médio alguma grande honra ou empresa. É hacedor de poucas coisas, mas estas grandes e renomadas. É também uma necessidade para ele ser aberto em seus ódios e em suas amizades, porque esconder seus sentimentos é próprio do que tem medo.

Mais preocupa-lhe ao magnânimo a verdade que a opinião, e falar e fazer a plena luz. e porque todo o tem em pouco, fala com franqueza e veracidade, salvo o que diz por ironia, pois em seu trato com o vulgo é irónico.

O magnânimo não é propenso à admiração, porque nada é grande para ele. Nem também não recorda o mau que se lhe tem feito, porque não é próprio de uma alma grande conservar a lembrança de tudo, e menos se são ofensas, senão mais bem as desdenhar. Não é amigo de falar de ninguém: nem de si mesmo falará, nem de outro, nem de que ele seja alabado, nem de que outros sejam vituperados. E bem como não prodiga elogios, também não fala mau dos demais, nem sequer de seus inimigos como não seja para mostrar seu desprezo. Das coisas necessárias ou miúdas jamais se lamenta ou as solicita, pois qualquer destas atitudes seria indício de um ânimo afanoso. É inclinado a tentar-se coisas belas e infrutuosas mais bem que as fructuosas e úteis, por ser aquilo mais próprio do que se basta a si mesmo.

Humildade.

É a virtude que se assenta no reconhecimento profundo de nossas finitudes e imperfeições; de que somos por natureza seres débis e corruptibles.

A humildade é uma virtude essencialmente cristã, que se opõe à soberba dos que não aceitam o fato de nossa condição pecaminosa e são incapazes de acatar docilmente os ditados da autoridade, da verdade, da lei.

Facilmente confunde-lha com a humillación ou a abyección (bajeza, envilecimiento), mas é o mais contrária a esses sentimentos. A humildade deve ser enlaçada com a singeleza de sabemos limitados, mas ao mesmo tempo capaz de abrimos à transcendência e invocar o perdão de nossos pecados. Perdão que deve ser feito de algum modo extensivo às pessoas a quem ofendemos.

Também entranha o perigo de reduzimos em extremo com tal de obter o favor de outras pessoas, ou de Deus mesmo. Nestes casos, não atuamos com a humildade que impõe o serviço ou dever ao próximo, senão com a oculta hipocrisia de obter uma vantagem ou justificativa de nossas desmedidas ambições.

Altruísmo.

Em oposição ao egoísmo, é a virtude que nos leva a sentir uma funda complacência ao fornecer bem aos demais, ainda a costa de sacrificar o bem-estar próprio. O termo foi criado por A. Comte, com o fim de integrá-lo como valor supremo de seu moral positivista, que sintetizou na fórmula: "viver para o próximo".

Distingue-se da caridade, assim que que o altruísmo se origina na natureza (os animais de muitas espécies também dão amostras dele, no sentido de um sentimento instintivo que os une e protege) e tem como finalidade exclusiva o bem positivo da sociedade, enquanto a caridade se funda no amor a Deus e tem um fim sobrenatural.

O altruísmo é o produto do amor ao próximo, unido simultaneamente à abnegación do eu individual. É o amor desinteressado que pode ser desprendido do egoísmo, da inveja, do prazer pela desgraça alheia.

O altruísmo não deve, no entanto, subestimar o valor próprio de nossa individualidade, ao extremo de esquecer sua importância e abstraerla de sua dimensão real da sociedade. Somos indivíduos, e como tais devemos afirmamos no âmbito dos relacionamentos interpersonales, sempre desde a perspectiva de um mútuo respeito que propicie a eficaz ajuda que possamos fornecemos.

Solidariedade.

É a virtude que nos move a estreitar os relacionamentos sociais no plano da reciprocidade. É o altruísmo partilhado que nasce do sentimento de pertencer a grupos com igualdade de origem, destino, aspirações comuns e demais aspectos que fundamentam sua identidade, ou simplesmente pelo fato de pertencer à espécie humana.

A solidariedade implica interdependência e ajuda mútua entre os membros de um mesmo grupo, ou entre grupos heterogéneos, por razões históricas, sociais, políticas ou culturais.

Também deve tentar, uma vida social mais justa e igualitária, que evite o conflito entre as classes, a desproporcionada repartição da riqueza, a fome, a ignorância, e demais tarefas que lhe são próprias. Séria muito longa a enumeração de acções solidárias do Estado, mas não devemos esquecer que a solidariedade é essencialmente recíproca e, por tanto, em todos estes assuntos fica implícita a sua vez a resposta e participação que moralmente estamos obrigados a dar.

INSTITUTO POLITÉCNICO NACIONAL.
CECyT MIGUEL OTHÓN DE MENDIZABAL
ÉTICA CIDADÃ E VIRTUDES CÍVICAS.

FILOSOFIA
MÉXICO, DF A 22 DE ABRIL DE 2005.
ÉTICA CIDADÃ E VIRTUDES CÍVICAS


A VIRTUDE NEOCLÁSSICA E A MORAL DURKHEIMIANA: UMA LEITURA DO QUADRO O JURAMENTO DOS HORÁCIOS,
DE JACQUES-LOUIS DAVID (1748-1825)
Anderson Ricardo TREVISAN1


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