Dias atrás fiquei observando um rapaz de
moto, em uma das passeatas de Rodolfo Fernandes, rodando várias vezes na areia
próxima ao Bar do Gavião. A poeira voava alto. Não teve ninguém que estivesse
por perto que não tenha respirado areia naquele momento.
Fiquei pensando o que passa na cabeça de
um jovem como este. Sei que jovem é jovem. Momento da vida em que tudo é muito
intenso: os sentimentos, as acções, as vibrações, as emoções, as paixões. Mas
uma atitude desse nível não me parece ser justificada apenas pela idade e
inexperiência de vida.
Aquele acto me deu a certeza de que
muitos de nossos jovens não estão tendo a formação necessária para conviver em
sociedade, fruto de uma difícil realidade pela qual estamos passando, com grave
crise familiar, ética e social.
Na família, hoje, a coisa mais comum é o
desrespeito entre as pessoas. A falta de diálogo e compreensão resultando na
agressividade constante entre esposa e esposo, pais e filhos, irmãos e irmãos.
Dificuldades que quase sempre tem como raiz a falta de recursos financeiros que
possam cobrir os desejos mais diversos de todos os seus membros.
Na ética, somos obrigados a conviver com
muito mais informações que nos trazem os belos exemplos de nossas autoridades
roubando, se corrompendo, defendendo que o dinheiro deve estar acima dos
princípios. E ainda muitas das pessoas que deveriam ser nossos guias e líderes,
se acomodando em suas actividades, além de criticarem os que procuram lutar
para construir algo bom. Exemplos negativos que são absolvidos por todos nós,
como se fossem naturais.
Na sociedade, a olhos nus, afloram a
vaidade, o orgulho, o desprezo pelo próximo, a individualidade, o mal
caratismo, todos esses e muito outros, alimentados pelo desejo de consumo, as
drogas e o materialismo.
Para onde vamos não sei. Sei que onde
estamos reflecte, cada dia mais, uma sociedade sem horizonte, esperança e fé em
Deus.
Talvez este quadro justifique actos como
o da moto levantando poeira e outros que prefiro nem comentar, mas que somos
forçados a ter que conviver em nosso dia a dia.
Torço para que a luz do Senhor possa
clarear as mentes e os corações de nosso povo, enquanto ainda é tempo.
por Sergio Levy - Jornalista
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