sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

PARA O JORNALISTA, TUDO O QUE É PROVÁVEL É VERDADE

«Para o jornalista, tudo o que é provável é verdade». Trata-se dum axioma estupendo, como tudo o que Balzac inventa. Reflectindo nele, nós percebemos quantas falsidades se explicam e quantas arranhadelas na sensibilidade se resumem a fanfarronices e não a conhecimento dos factos. Em geral, o pequeno jornalista é um profeta da Imprensa no que toca a banalidades, e um imprudente no que se refere a coisas sérias. Quando Balzac refere que a crítica só serve para fazer viver o crítico, isto estende-se a muitas outras tendências do jornalista: o folhetinista, que é o que Camilo fazia nas gazetas do Porto (...). 
Eu própria não estou isenta duma soma de articulismos, de recursos à blague, de graças adaptáveis, de frequentação do lado mau da imaginação, de ridículos, de fastidiosos conselhos, de discursos convencionais, de condenações fáceis, de birras imbecis, de poesia de barbeiro, de elegâncias chatas, de canibalismo vulgar, de panfletismo «bom cidadão». 

Quando não sou nada disso, sou assunto para jornais, mas não sou jornalista.

Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'
Tema(s): Jornalismo Ler outros pensamentos de Agustina Bessa-Luís

- "Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados. "Autor - Fernandes, Millôr

- "Os jornais excitam sempre a curiosidade. Ninguém larga nenhum jornal sem uma sensação de desapontamento. "Fonte - Pensamentos Destacados sobre Livros e Leitura Autor - Lamb, Charles

- "Considero como uma das felicidades da minha vida não escrever nos jornais; isto faz mal ao meu bolso, mas faz bem à minha consciência. "Fonte – Correspondência Autor - Flaubert, Gustave

- "Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as acções - mesmo as boas. "Fonte - A Correspondência de Fradique Mendes Autor - Queirós, Eça


- "O jornalista é o único comunicador desinteressado. Aquilo que escreve ou diz não obedece ao interesse de ninguém, excepto de quem lê ou ouve. "Autor - Moura, Paulo Fonte: Público / 2008050


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