Há
uma história sobre uma noite em que o compositor Giuseppe Verdi realizou um
recital de piano no teatro Scala, em Milão, Itália, em que, depois da peça
final, a plateia calorosa exigiu "bis”. Verdi, ávido por aplausos,
escolheu uma composição sonora e espalhafatosa pois sabia que emocionaria o
público, embora fosse, artisticamente falando, de qualidade inferior.
Quando
terminou, a plateia levantou-se em estrondosa ovação. Verdi desfrutava dos
prolongados aplausos quando viu na galeria o seu mentor de longa data, que
sabia exatamente o que ele acabara de fazer. O mentor não se levantou, nem
aplaudiu. O seu rosto estampava uma expressão de frustrado desapontamento.
Verdi quase podia ouvi-lo dizer: "Verdi, Verdi, como foste capaz de fazer
isso?”
Poderíamos
chamar a esta situação o "vírus de Verdi” — desejo de controlar,
necessidade de aprovação. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche descreveu-a da
seguinte forma:"Sempre que escalo um degrau na vida, sou seguido por um
cão chamado ego.” O ego "incha” quando
regado por louvor. Ávido por poder e sucesso, jamais se satisfaz, não importa a
quantidade de elogios que receba.
Esta
situação é muito comum no moderno e sofisticado mundo empresarial e
profissional. Homens e mulheres lutam por atenção, anseiam por adulação,
intrigam para obter controlo e impor a sua vontade. Todos os dias ouvimos falar
ou lemos sobre líderes que sucumbiram às tentações de egos famintos. Tais
atitudes não são novas. O egocentrismo é tão velho quanto a Bíblia. Vejamos
alguns exemplos:
Amor
por estatuto. 3 João 9-11 fala que Diótrefes, "que gosta muito de ser o
mais importante entre eles”, ou noutra tradução, "que ambiciona o lugar de
primeira distinção”. Ambição por prestígio e controlo levam à adoração e a
igual quantidade de influência intimidante.
Insistência
em impor a nossa vontade. Em Números 22-24 lemos sobre Balaão, único profeta
gentio do verdadeiro Deus identificado na Bíblia. Ele obedeceu a Deus até certo
ponto, mas o seu coração aceitou a liderança de Balaque, que se opunha aos
israelitas. Balaão desejava obedecer a Deus, mas cedeu à tentação do ouro. Ele
tinha uma mente cheia de iluminação espiritual, mas um coração em trevas. Deus
permite que façamos o que insistimos em fazer, ainda que errados. Queremos e insistimos
em fazer. Até mesmo oramos: "Senhor, por que não posso ter isso?”
Rebeldia
contra a verdade e sabedoria. Em 2 Crónicas encontramos a história de Roboão,
insolente filho do rei Salomão. Roboão presumiu que o legado da sua família e o
poder que herdou, fariam o povo ceder aos seus caprichos. Porém, sem a
sabedoria política nem a compreensão e confiança que o seu pai depositava em
Deus, Roboão morreu orgulhoso e tolo aos 58 anos. "Ele agiu mal porque o
seu coração não procurou buscar o Senhor” (2Crônicas 12.14).
Como
evitar as armadilhas do orgulho e do egocentrismo? Considere a lição de 1Pedro
5.5-6: "Sejam todos humildes, uns para com os outros, porque Deus Se opõe
aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, humilhem-se debaixo
da poderosa mão de Deus, para que Ele os exalte no tempo devido.”
Texto
da autoria de Robert D. Foster, fundador do "Lost Valley Ranch"
(Rancho do Vale Perdido), perto de Colorado Springs, Colorado, USA. Ele é
empresário e autor de meditações semanais sobre negócios há mais de 50 anos,
morando na Califórnia. Tradução de Mércia Padovani. Revisão e adaptação de J.
Sergio Fortes (fortes@cbmc.org.com) e MJP (aspec@aspec.pt)
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