As
situações de doentes carenciados que chegam à Liga Portuguesa Contra o Cancro
(LPCC) têm vindo a aumentar, tendo a instituição disponibilizado quase 800 mil
euros em 2015 para compra de medicamentos, próteses, transportes e alimentação.
Em
declarações à agência Lusa, a propósito dos 75 anos da instituição, assinalados
na segunda-feira, o presidente da LPCC, Vítor Veloso, adiantou que a
instituição acode a estas situações, que "são cada vez mais prementes e
cada vez mais numerosas".
"Queremos
auxiliar o doente oncológico não só no que diz respeito ao apoio
psicoemocional, mas também economicamente", dando-lhes "dinheiro para
transportes, medicamentos, alimentação, renda de casa, eletricidade e para
muitas coisas, porque efetivamente o país não está bem e há pessoas muito
carentes", disse Vítor Veloso.
Fundada a
04 de abril de 1941 pelo médico Francisco Gentil para suprir as carências do
Estado em matéria de financiamento do tratamento do cancro, a LPCC tem vindo a
expandir o seu trabalho, mobilizando os seus recursos financeiros para a
prevenção e apoio à investigação da doença, nunca descuidando o apoio ao
doente.
Vítor
Veloso estima que, ao longo dos 75 anos, a Liga Portuguesa Contra o Cancro
tenha apoiado, "no mínimo, meio milhão de habitantes".
"O
trajeto da Liga foi sempre crescendo e, neste momento, (...) somos a maior
organização não-governamental do país a nível dos cuidados de oncologia",
disse Vítor Veloso, lembrando que a instituição vive exclusivamente de
donativos da população, de heranças e dos contributos do IRS.
Uma das
mais importantes iniciativas da LPCC é o programa nacional de rastreio de
cancro da mama. No ano passado, foram realizadas 295.122 mamografias em 27
unidades móveis e seis fixas.
Segundo
Vítor Veloso, a instituição foi pioneira nos cuidados continuados e paliativos:
"Há 20 anos já tínhamos o maior centro no Porto e que ainda é o maior do
país".
Dados da
Liga referem que, em 2015, foram acompanhados 7.332 doentes nos seus centros de
dia e 97 doentes nos seus lares.
Este ano,
o núcleo regional do Norte vai avançar com a construção de um lar com várias
valências (cuidados continuados, paliativos e centro de dia), revelou o
responsável.
"Temos
que pensar nos lares de cuidados continuados e de cuidados paliativos na medida
em que há um défice muito grande de camas e os nossos hospitais que deviam
estar a tratar doentes estão a acolher esses doentes que não estão bem nos
hospitais e estão a gastar muito dinheiro ao Estado", sublinhou.
O apoio à
investigação também faz parte da missão da Liga, que atribuiu, no ano passado,
533.984 euros em 24 bolsas de investigação.
"Ajudamos
a criar bolsas para jovens investigadores, porque não queremos que vão para
fora", disse Vítor Veloso, adiantando que a instituição também apoia a
formação de médicos e outros profissionais de saúde.
Em 2015,
a Liga ministrou 109 ações de formação para 4.204 profissionais de saúde.
Também realizou 634 ações de sensibilização nas escolas, que envolveram 86.854
alunos do ensino básico e secundário, e 30 campanhas de prevenção dirigidas à
população.
Nos
últimos dez anos a Liga "cresceu muito" e soube adaptar-se:
"Hoje somos uma organização não-governamental modernizada, apta e adaptada
a tudo o que o doente oncológico e a sua família necessitam", sublinhou.
Também
cada vez mais defende "os direitos dos doentes oncológicos que,
infelizmente, são muitas vezes atropelados ou ignorados".
A
cerimónia das comemorações dos 70 anos da Liga decorre na segunda-feira, na
Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Fonte:
Lusa
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