sábado, 7 de maio de 2016

Angola: Aumento de casos de stress entre os trabalhadores começa a ser preocupante

Luanda - O stress laboral é um mal que tem aumentado na classe trabalhadora angolana e são mais frequentes os casos diagnosticados em exames de saúde ocupacional realizados pelo Centro de Segurança e Saúde no Trabalho, informou hoje, sábado, em Luanda, a directora da referida instituição, Isabel Cardoso.


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FOTO: ROSARIO.DOS.SANTOS







Em declarações à Angop, a propósito do 6º aniversário do centro que hoje se comemora, a responsável disse, sem adiantar números, que existem factores endógenos e exógenos que estão na base do surgimento e aumento dos casos de stress.
Explicou que existem riscos psicossociais a que o trabalhador está exposto diariamente, como a pressão do trabalho, o assédio moral, as novas tecnologias, a relação com os colegas e demais, que contribuem para o aumento de casos desse problema.
De igual modo, adiantou que também existem factores extra-empresas como o trânsito, a violência doméstica, que levam o trabalhador a chegar ao trabalho já com problemas que não são do meio laboral e depois despoletam o stress laboral.
“ Não quer dizer que quem tem o stress laboral necessita de ter factores externos, pois, basta que tenha factores internos para o desenvolver. É um problema sério e que vai causar de alguma forma o aumento do absentismo”, considerou.
Por ser um mal não visível a primeira vista, é muito desvalorizado e inclusive chega-se a dizer que a pessoa que tem stress, depressão ou esgotamento é fraca, o que não é verdade.
Isabel Cardoso refere que na maior parte das vezes as pessoas acometidas de stress laboral são as que têm maior compromisso com a organização, com a empresa. “ São tão responsáveis no trabalho que se conclui que o dano causado pelo stress seja proporcional a importância que os mesmos dão ao trabalho”, disse.

Na actualidade, quer em Angola como no mundo, têm aumentado os casos de stress porque o trabalhador teme pelo seu futuro, não sabe se ficará ou não na empresa, tem problemas sérios em termos de dívidas, contas por pagar, tem vários problemas, que é necessário ajudá-lo a ter equilíbrio, através de técnicas apropriadas, advogou.
Enfatizou que o stress é um problema sério e inclusive a OIT escolheu esse tema para as comemorações do 28 de Abril, dia das vítimas de acidentes de trabalho e doenças profissionais, como um desafio colectivo, ou seja, “somos todos vítimas, afecta-nos directamente, quer trabalhadores como empregadores, no nosso dia-a-dia”, concluiu.
Stress é a resposta do organismo a determinados estímulos que representam circunstâncias súbitas ou ameaçadoras. Para se adaptar à nova situação, o corpo desencadeia reacções que activam a produção de hormonas, entre elas a adrenalina. O indivíduo fica em "estado de alerta" e em condições de reagir.
Em segundos as hormonas espalham-se pelas células do corpo, a respiração e batimentos cardíacos aceleram; sintomas denominados "reacção de luta ou fuga". Ao acalmar-se, o corpo reequilibra - se, o que não acontece quando os efeitos do stress já são graves.
Os trabalhadores sentem stress quando as exigências do seu trabalho são excessivas, superando a sua capacidade de lhes fazer face. Além de problemas de saúde mental, os trabalhadores afectados por stress prolongado podem acabar por desenvolver graves problemas de saúde física, como doenças cardiovasculares ou lesões músculo-esqueléticas.
Para a organização, os efeitos negativos incluem um fraco desempenho geral da empresa, aumento do absentismo, "presenteísmo" (trabalhadores que se apresentam ao trabalho doentes e incapazes de funcionar eficazmente) e subida das taxas de acidentes e lesões. Os períodos de absentismo tendem a ser mais longos do que os decorrentes de outras causas e o stress relacionado com o trabalho pode contribuir para um aumento da taxa de reforma antecipada.
A lista de problemas de saúde que podem surgir em função do stress é imensa. Alguns deles são alergias, transtorno de pânico, infecções causadas por baixa imunidade, bronquite, contracção  muscular  crónica, depressão, enxaqueca, gastrite, obesidade e alguns tipos de câncer.
O stress ainda não é considerado oficialmente uma doença pela OMS, mas em virtude do mal afectar mais de 90 por cento da população do planeta, a entidade teme por uma epidemia global.

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