Todas as semanas as autoridades
europeias detetam duas novas substâncias psicoativas e, embora o consumo
permaneça baixo, há cada vez mais evidências da associação destes 'estimulantes
legais' a emergências hospitalares e efeitos adversos agudos, alerta um
relatório.
Publicado hoje pelo Observatório Europeu
da Droga e da Toxicodependência (OEDT) para assinalar o Dia Internacional
Contra o Abuso e o Tráfico de Droga, que se assinala neste domingo, o
relatório, o primeiro sobre respostas de saúde pública às novas drogas,
manifesta preocupação com a "rápida emergência" das novas substâncias
psicoativas (NSP).
"O mercado de NSP é complexo e o
rápido aparecimento de novos produtos significa que urge desenvolver
intervenções de suporte no domínio da saúde. As primeiras respostas às novas
drogas na Europa foram essencialmente reguladoras e centradas em instrumentos
legislativos de combate à oferta. Mas, à medida que o fenómeno evolui, é
crucial formular e aplicar respostas eficazes em termos de saúde pública no que
toca ao consumo destas substâncias", disse o diretor do OEDT, Alexis
Goosdeel, citado num comunicado.
Segundo o relatório, só em 2015 foram
detetadas pela primeira vez 98 novas substâncias através do sistema de alerta
rápido da UE, aumentando para 560 o número total de novas drogas monitorizadas
pelo organismo.
Destas 560 novas drogas, 70% foram
detetadas nos últimos cinco anos.
Embora muitas destas drogas acabem por
desaparecer rapidamente do mercado, algumas são hoje relevantes nos mercados
das drogas ilícitas.
As NSP, também conhecidas como
'estimulantes legais' incluem canabinóides sintéticos, estimulantes (incluindo
catinonas), alucinogénios e opióides desenhados para imitarem os efeitos das
drogas clássicas.
Um estudo realizado em 2014 entre jovens
europeus de entre 15 e 24 anos concluiu que 8% já tinham experimentado estas
drogas e 3% tinham usado uma NSP no ano anterior.
A nível nacional, a prevalência do uso
de NSP entre os mesmos jovens variava entre 9,7% na Irlanda e 0,2% em Portugal.
Embora a prevalência seja baixa, os
autores do relatório do OEDT alerta que alguns grupos são particularmente
vulneráveis aos riscos do uso e dos seus efeitos, nomeadamente 'frequentadores
da noite', homens que têm sexo com outros homens, reclusos, jovens e pessoas
que injetam drogas.
Existe uma falta de dados geral sobre os
riscos das NSP para a saúde pública, mas "há evidências crescentes de uma
associação com emergências hospitalares, consequências agudas severas e mesmo
algumas mortes, embora em muitos casos a intoxicação fatal envolva normalmente
outras drogas em simultâneo.
O relatório exemplifica que, ao
contrário da canábis natural, os canabinóides sintéticos têm sido associados a
AVC, danos nos rins e fígado e teme-se que o seu uso exacerbe sintomas
psiquiátricos.
No relatório, o OEDT conclui que, dada a
falta de informação específica sobre a melhor resposta a dar às NSP na saúde
pública, a solução poderá passar por adaptar as respostas já existentes e
comprovadamente eficazes com as drogas estabelecidas a estas novas substâncias.
Fonte: Lusa
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J. Carlos
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