Agradecimentos, gargalhadas, o fantasma do “irrevogável” e alguma emoção marcaram o fim de 20 anos de vida política activa de Paulo Portas.
Paulo Portas despediu-se esta quinta-feira do cargo de deputado com lágrimas, aplausos e um discurso em que defendeu que uma sociedade na qual os mais velhos “são parte e não fardo”. "Combinei com a presidente do meu partido, de quem gosto muito e em quem confio, fazer esta intervenção num debate que o partido como instituição considerasse relevante", afirmou.
Portas alertou que os deputados serão forçados a “olhar para o modelo de Segurança Social que queremos” e apontou para as melhores práticas da Europa do trabalho e da reforma a tempo parcial. “Prometer tudo a todos para toda a vida é mentir, mesmo que sem intenção”, sublinhou.
O deputado centrista afirmou ainda que “nem os mais velhos merecem défices que devoram as suas reformas”, nem os jovens de hoje acreditam na reforma pública, porque “basta olhar para as contas para ver que qualquer coisa não está bem”, disse.
Paulo Portas finalizou então o seu discurso com umas palavras de agradecimento à assembleia. “Quero deixar a todos, sem distinção, aos colegas de bancada, parceiros de Governo, adversários políticos, funcionários, jornalistas, pelo seu sentido crítico, um obrigado”, declarou.
“Deixo amigos em todas as bancadas e tanto quanto sei não deixo inimigos. Bem-haja e bom trabalho, por Portugal”, rematou, ao som dos aplausos de todas as bancadas, com as do PSD e CSD a aplaudirem de pé.
Seguiu-se a vez do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, deixar umas palavras a Paulo Portas assinalando o fim de “20 anos de vida política”. “Concorde-se ou não, é inegável que foi e é um político que conseguiu contrariar circunstâncias adversas. Consolidou um partido e deixa uma memória muito viva pelos famosos ‘sound bites’ feitos de bom e eficaz português”, declarou.
“Desejo-lhe as maiores felicidades”, concluiu Ferro Rodrigues. Paulo Portas não escondeu a emoção, e até ao final das várias intervenções sobre a sua despedida, foi deixando transparecer as lágrimas ao canto do olho.
O social-democrata Luís Montenegro tomou a palavra para expressar “respeito, admiração e sentido de cooperação”. Por sua vez, o socialista Jorge Lacão destacou a “personalidade política controversa” de Portas.
“Antes ou para além da orientação política é importante que consigamos reconhecer que nos identificamos como democratas. Maiores felicidades. Estaremos sempre preparados para o enfrentar politicamente”, acrescentou Lacão, arrancando com a última frase uma gargalhada a Paulo Portas.
Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, ironizou: “A despedida é ao senhor deputado, porque ninguém acreditará que o político entrou de férias ou sabática”.
Do PCP, o deputado João Oliveira referiu a “tentação de fazer um trocadilho que pudesse recuperar a irrevogabilidade das intenções na política”, mas não o fez, embora tenha motivado uma gargalhada geral.
José Luís Ferreira, dos Verdes, desejou “sucesso” ao centrista dizendo que, “apesar da distância política”, reconhece em Portas “uma pessoa combativa e cordial”.
Por fim, Nuno Magalhães, presidente da bancada do CDS-PP, referiu o seu “mentor” e amigo, deixando um agradecimento forte em nome de toda a bancada.
Décadas de política
Licenciado em Direito pela Universidade Católica de Lisboa, Paulo Portas iniciou a sua vida política na Juventude Social Democrata, “dada a profunda admiração” por Sá Carneiro, diz a biografia oficial publicada no site do CDS. Desfiliou-se em 1982.
Foi jornalista no “O Tempo”, na “Tarde”, no “Semanário”. Fundou e dirigiu “O Independente”, de 1989 a 1995, ano em que começou a carreira de deputado.
Fonte e Foto: rr.sapo.pt
Comentário: será que vamos ver
esclarecido o cambalacho dos submarinos? Ou valeu a pena a prática de política
deste sujeito como de outros, que o coadjuvaram? Pode abrir um banco… é o que
está a dar, para em seguida abrir falência técnica e desaparecer com o cacau…
Não se trata de insinuações… é o pão diário de cada dia
neste mísero país.
J. Carlos
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